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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

24.Jan.14

Dez reis de mel coado

Um dos assuntos aos quais uma política verdadeiramente liberal não se deve permitir é a mediatização de questões de indole cultural ou de cultura. Assuntos culturais, de cultura, merecem o recato nos gabinetes e dos decisores. A criação de uma "opinião pública" favorável à liberalização deste importante sector deve tornar exemplo o recente caso da "Fundação Côa", deve ser pois a resolução deste caso o paradigma a seguir, em futuras intervenções do Estado, na área cultural. Deve a Secretaria de Estado da Cultura, a exemplo da recente decisão do Governo de Portugal, de leiloar a "Colecção Miró", promover junto dos parceiros europeus e internacionais a abertura a capitais privados desta ou outras fundações portuguesas com elevado potencial de desenvolvimento e, deste modo, permitir a libertação de recursos financeiros para outras áreas, como a habitação social e assistencialismo. Tudo a bem da Nação, da Pátria.

 

 

 

16.Jan.14

Exaltação,coisíssima nenhuma.

Li algures que um determinado treinador de futebol, de origem portuguesa, se exaltara no decurso de uma conferência no final de um jogo, que a equipa perdera. As primeiras noticias vistas sobre o facto, em Portugal, referiam exaltação, depois vieram outros mimos, ocorridos no decurso da referida conferência de imprensa, onde aparecia um outro funcionário do clube proíbindo o treinador de referir julgamentos sobre a qualidade futebolística de um determinado jogador do mesmo clube, o qual acabou mesmo por referir o nome do jogador em causa. O que as imagens mostravam não era a proclamada exaltação do treinador de futebol era a forma como é gerido aquele clube de futebol. Poderia ter dito, o que disse, de forma mais baixa e sibilina, como é uso habitual, mas o resultado seria o mesmo. Coloque-se na posição do referido treinador, como reagiria o leitor ou leitora, naquela situação, quando confrontado com a proibição, que, à partida, se considera injusta, perante alguém que o tenta (des)controlar em frente a uma plateia? Note-se ainda que o outro representante do clube, nunca se levantou do seu lugar, durante os factos observados, mantendo algum "sangue frio", pois pareceu incrédulo, de certo modo, não acreditando que o treinador assumi-se a atitude que tomou perante o aviso de estar proibído de referir aquele tipo de assunto durante a conversa com os jornalistas. Note-se, igualmente, que após uma certa mediatização dos factos, o referido treinador continua ao serviço do clube, o assessor de imprensa também, sendo conveniente perceber o que poderá acontecer após os factos esfriarem. O futebol não são dois dias...

16.Jan.14

Referendum

 

 

Propõe o partido Social-Democrata, referendar o postulado da co-adopção infantil entre casais de um mesmo sexo, assunto que fora em tempos decidido pela assembleia dos ilustres representantes do povo. Podiam voltar a resolver a questão sem consulta popular, entre eles outra vez.  Referendar, seja o que for, para além do custo da consulta popular, da social questão fracturante, despropositada na actual situação, da questão da disciplina de voto exigida aos seus deputados, vai permitir o exercício do gáudio que, certamente, percorrerá o país quando o governo decidir referendar a questão, junto dos portugueses. Não se vislumbra que os portugueses se mostrem de alguma forma preocupados, interessados, em decidir sobre o assunto. Mudem de assunto, referendem outra coisa,  referendem o que se deve fazer com o Universo, as "chuvas ácidas" ou a questão da masturbação entre os crocodilos do Nilo, por exemplo.

 

 

 

Foto Andre Kertesz, sixth-avenue, 1959

07.Jan.14

a seguir atentamente

 

Claus Hecking, no Der Spiegel (traduzido)

 

"Portugal oferece o que chama "visto de ouro" desde Outubro de 2012, mais de dois anos de residência em troca de um investimento imobiliário de pelo menos 500 mil euros."

 

 

A nova tendência nesta "Europa-de-ferro".

Recentemente em Portugal, um visto oferecia-se em troca de trabalho na construção civil e obras públicas. Nos países periféricos, (Letónia, Hungria, Espanha, Grécia, Portugal), onde se oferecem trabalhadores nacionais a meio-pataco, seguindo o "modelo letão" (onde foram  injectados cerca de 600 milhões no mercado imobiliário da Letônia) tentando deste modo salvar o que sobrou da "era de ouro" do mercado imobiliário de luxo ainda na posse dos bancos nacionais. Se conseguíssem tornar o país numa estância de férias de luxo, ou num paraíso tipo Ilhas Caimão, não nos poderíamos queixar muito, sempre andavamos de avental branco e toalha no braço. O problema é que emigrantes de luxo não irão ficar muito tempo, pois tal, como os primeiros, assim que a "crise" económica fez soar campainhas nestes Estados, desapareceram, como apareceram. sem deixar rasto, sendo que estes últimos, denominados como "emigrantes_gold", querem apenas chegar a França, à Alemanha... e entrar na Europa, via periferia, em troca de investimentos imobiliários nas depauperadas economias desses países, vitimas de um modelo austeritário imposto a partir dos líderes desta dita agora Nova Europa, uma velha dama, a tentar esconder as espondiloses.

06.Jan.14

Textos (1)

A questão historiográfica sobre a lenda "Eusébio", começara ainda antes da realização do seu funeral, decorriam as exéquias públicas. Com diferentes concepções ou correntes historiográficas internas, como queiram chamar, a degladiar-se entre o estertor ideológico do Estado Novo, a nova remessa de leituras historiográficas proveniente dos Estados Unidos, e uma ou outra, mais raras, de influência da mais recente pesquisa europeia. A questão rácica, o Império, ele próprio, enquanto entidade imaterial do povo português, miscenizado, atravessado por diversos e múltiplos cruzamentos de povos, terminará no desaparecimento fisíco "do último mito do Império": Eusébio da Silva Ferreira, português de "Mozambique". Seja, a "memória do Império", e tudo o que isso implica em termos enformadores nas gerações contemporâneas; colonial, que engloba tudo o que a ideia de colonialismo representa nas leituras de fim de século XX, termina com o desaparecimento de uma lenda do futebol português. O desporto popular, das "massas" ditas populares.  É, pois, sobre o fim do Império, repercussões e clivagens internas, que devemos discutir, fazer leituras sobre as quais se deve, ou devemos, por, isso, incluir a morte do mito e o fim do Império em Portugal. Como se irá processar o prolongamento do "mito Portugal", nos territórios que fizeram parte integrante do império, também iremos tomando conta. Partir deste pressuposto será talvez mais importante do que discutir o sangue "impuro" português, ideia que muitos procuram ressuscitar para a discussão histórica, quando é a própria História, que faz registo de todas as intercessões, cruzamentos, miscenização dos portugueses durante  séculos. Discuta-se o fim do Império, enquanto ideia imaterial, consolidando nela uma outra idéia, a idéia de que perante o fim de ciclo, a semente, do próximo, nele estará contida. 

05.Jan.14

Portugal 2014

 

 

Foto: Nuno Ferrari, Inglaterra, 1966.

 

Dos quatro,  Nuno Ferrari, que fotografa, Fernando Marques, o saudoso "Formidável", Homem em que tudo era formidável, atrás de Eusébio, o treinador Luz Afonso a seu lado. De todos eles, apenas Eusébio da Silva Ferreira, estava entre os vivos. Faleceu hoje.