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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

26.Abr.10

Agitam de novo um velho fantasma salazarista

O papão "comunista" e dos sindicatos faz parte do vocabulário de uns quantos asnos que escoiceiam face a uma greve de contornos inusitados nos transportes públicos nas duas grandes cidades portuguesas. Como se todos os que aderem a greves fossem comunistas, embora reconheçamos a  sua influência, notória, em alguns casos prejudicial, sobre boa parte dos sindicatos. Contudo, como forma justificativa, estes asnos, ou alguém que gosta de se fazer passar por asno, acicatam os ânimos dos prejudicados, relembram que ganham salários mínimos e não possuem direitos enquanto assalariados e acusam os comunistas e os sindicatos de estar a prejudicar o quotidiano de milhares de outros trabalhadores. Peroram qualquer coisa sobre o direito inalienável à greve. Embora não se perceba muito bem o que pensam sobre esse direito quando aplicado a si mesmos. Confusos. Muito confusos. Confusão que interessa a muito boa gente, como é óbvio.  Provavelmente, eles não o entendem desta forma. São asnos. Mesmo considerando a notória falta de capacidade de empresas como a C.P e Transtejo, donas do dinheiro recebido através dos métodos de pagamento pré-pago (assinaturas mensais, semanais, etc.) e que, se limitam, agilmente, a pedir aos utentes que sejam criativos nas formas de contornar a greve. Esquecendo-se que, em sociedades modernas, os utentes tem direito a serem ressarcidos pela não prestação do serviço. A não ser que, nos contratos, exista alguma cláusula, em letra mínima, a norma que os ilibe desse ressarcimento. Poupando obviamente uns milhares de euros face á obrigatoriedade em assegurarem transportes alternativos, perante uma situação nova os gestores destas empresas  pura e simplesmente claudicaram. Contudo a lei da greve obriga os assalariados à prestação de serviços mínimos. E aí a fiscalização é, normalmente, implacável. Portanto afastem lá o velho "fantasminha" de contornos salazaristas porque, convenhamos, já passou algum tempo desde que o homem morreu. E não vale falar da crise para justificar  que não se devam promover greves na conjuntura actual. Convém não esquecer uns quantos a quem a propalada crise em nada atrapalha.

25.Abr.10

Amanhã é 26 de Abril

Hoje.

Hoje.

Hoje.

 

Descubro, ao sabor da deriva que a prosa vadia permite, frases, momentos, com as quais construo, ao sabor desta minha parcialidade, essa com que me construo, como gente e pessoa. Membro dessa rés pública, que é o meu país, a minha gente, os mais chegados, os mais distantes, cuja face, vida e interesses me são desconhecidos. Adivinho que sentir todos sentimos, coisa fácil de adivinhar e muito mais de sentir. Quando caminho pelas ruas ao sabor de todos os desvarios com que me constuo, observo os desmandos novos, com que nos querem construir. Alguns, hoje, afirmaram, que "Uma organização morre quando os de baixo não querem e os de cima já não podem', citando personagem tão pouco do seu agrado. Acto de suicídio, convenha-se. Procurando com esta bela citação justificar uma outra necessidade, como se, virada agora a página da sua própria sobrevivência política, fosse tão necessário, como de pão para a boca, recorrendo eu a uma outra metáfora, de cariz mais popular, aclarar melhor os seus futuros desvarios. Nesta medida, a da sua profunda incapacidade para dirigir e gerir o profundo alcance do que à trinta e cinco anos atrás aconteceu. Caso, para aqui esclarecer, "aos de cima", que se não podem,  não sabem, que se vão embora. Recordo assim o que, um dia, e muito mais recentemente relembrou, Jan Patocka, um resistente checo anti-comunista "as democracias ocidentais não eram essencialmente diferentes da União Soviética - elas também procuram o controlo da sociedade, tudo aquilo que saia da forma estabelecida é censurado, [...]. Eis porque a censura, o controlo da informação, as novas iliteracias, a manutenção de um certo conservadorismo, quási, diria eu, muito do agrado dos saudosistas do antigo regime, provocou a falência dos que estão em cima. Eles já não nos são precisos, a nós que estamos em baixo. Recolocar a casa em ordem. Não queremos a igualdade, queremos fraternidade como base social, liberdade como fórmula imprescindível à construção do humano na sociedade. Sociedade onde todos, mas todos, façam parte da reconstrução desse futuro. Não queremos valores antigos, em que o fosso entre membros seja a imensidão, o buraco negro, que nos atrapalha o futuro. Relembremos os valores, a ética, a liberdade, o "Canto Moço"

 



25.Abr.10

Recuso solenidades

Comemorar. Porque:

 

 

 

A pouca lucidez que ainda resta impede a comemoração de datas com rótulo de carácter obrigatório. Como se de uma romagem, romaria, solenidade saudosista, esteja a acontecer. Prefiro manter a vontade de continuar a enfrentar desafios, contra todas as romarias que pretendem fazer do dia uma "saudosa recordação". Não é. Nunca o será. Porque nunca acabou. Nada me cola ao passado. Não será hoje. Continuará a ser sempre que eu quiser!

22.Abr.10

O que significa hoje o espírito do 25 de Abril?

 


 

A pergunta anda por aí no ar, nos media, nos blogues, nas redes sociais. Centralizada no nosso 25A. Como se o acontecimento, tivesse acontecido apenas porque  aconteceu. Colocamos fora dele a geo-estratégia internacional das grandes potências. Colocamos fora a bipolarização da guerra-fria. Colocamos fora acontecimentos mundiais que condicionaram a eclosão e desenvolvimento.da revolução. Muitos desprezam, nas suas leituras, um sem número de acontecimentos que tiveram lugar no pós II Grande Guerra. Nas muitas expressões que fui observando surgem desde as mais saudosistas, relacionadas com o regime deposto, a expressões que se dedicam exclusivamente a exaltar valores protelados com o golpe do 25Novembro, outras exaltam os momentos seguintes.  As comparações revelam-se inevitáveis, as barricadas continuam, trinta e cinco anos depois. A culpa é colocada, como fardo, aos ombros da grande maioria dos políticos do pós-25A. A actual situação económica e financeira dos trabalhadores assalariados, eternos contribuintes líquidos de todas as crises, inventadas, os casos de corrupção, comprovados ou não pela justiça, servem como mote para a grande maioria desses comentários. A reflexão da recente crise ataca porventura, como nenhuma outra, alguns dos considerados direitos inalienáveis dos trabalhadores, as cambiantes do denominado "Estado Social". Um pequeno país, inserido á muito nas margens do contexto europeu, contribuiu, a 25A, uma vez mais, pois já o havia feito em 1910, para a História da Europa. O 25 de Abril português, visto a esta distância, tem hoje, várias e múltiplas leituras, elas formam o poliedro da sua interpretação conjuntural, actual, onde a história vai descortinando, no eterno caminho de construção da memória todos estes enquadramentos possíveis. Muitas dessas interpretações e leituras, quer a dos seus personagens, pretendem, assegurar o lugar na História. A isenção, impossível, quer dos historiadores, quer dos partidários das diferentes facções, nascidas, ou que emergem da clandestinidade, no pós-25 de Abril, farão, com que esta última revolução ocorrida no século passado, em Portugal, acabe, inevitavelmente, no estado em que se encontram as memórias da implantação da República em 1910. Leituras diversas, umas, mais consentâneas com a realidade da época, outras perpassadas pelo crivo da ideologia política e social, todas elas implícitas nos diferentes contextos da leitura daqueles aocntecimentos. Concluo, assim, que existem hoje diversos "25 de Abril", dependentes dessas variáveis, das memórias e ntervenção que cada um teve, ou viveu, ao longo destes 35 anos. Relembro os que morreram, sem o viver o acto revolucionário.  Todos os que de uma forma mais ou menos anónima, mais ou menos desinteressada, contribuíram para que os ideais proclamados naquele dia, tivessem resistido à usura de 48 anos de um regime que calou a liberdade. No fundo, é essa liberdade conquistada, que resta hoje. O que fizemos dela ao longo das últimas três décadas e meia é da nossa inteira responsabilidade. Creio que os jovens de hoje continuam a reivindicar o que muitos de nós reividicávamos então, o fim das proibições e das convenções socialmente instituídas, o controle permanente dos comportamentos que procuram fugir das regras instituídas. Uma sociedade que, como à 35 anos atrás, continua a olhar para a diferença com a mesma desconfiança que então sentíamos. Hoje reivindica-se o retorno à "excentricidade" dos "enfants terribles" do Maio de 68. Em Portugal, sem muitos o saberem, a revolução mental continua por fazer.

14.Abr.10

da crise do catolicismo

Rodeado pelo escândalo, o representante máximo do Estado do Vaticano vem a Portugal. Aproveitemos a folga decretada, esperando que os privados sigam o mesmo exemplo do "patrão" Estado, para reflectir sobre a questão. Embora esta liberdade seja baseada num princípio absurdo, pois reconheço que a maioria, dita confessionalmente como católica, pelos seus representantes locais, seja, antes de tudo, tida substancialmente como não praticante, profundamente pagã, mística e milagreira. A igreja serve como substituto para o que não consegue explicar ou que não tem explicação. Serve-se da Igreja para esconjurar o irracional, fonte do simbólico e sobrenatural que, de facto, nunca abandonou. Não contesto, no entanto, embora o absurdo, dado que compreendo a necessidade de, em termos diplomáticos e políticos, colocar alguma flexão nas relações entre os dois Estados. A recente implementação no ordenamento jurídico português do casamento entre pessoas do mesmo sexo criou alguns anticorpos ainda ocultos entre as elites do catolicismo nacional. Sei, contudo, que a República se afirma laica, dai continuar com muitas dúvidas sobre o laicismo do Estado português e nalgumas cúpulas do actual poder político. A Igreja Católica procura disfarçar, contra-argumentando de forma absurda, os seus problemas internos e a cíclica, talvez a mais grave do último século, crise de identidade. Contudo os tempos são outros, no próprio interior do Vaticano, e no seu próprio interesse, o avolumar dos casos de pedofilia e a conduta face ao escandalo de algumas das suas figuras de proa está a começar a provocar um profundo mal estar, quer entre fiéis, quer entre outras figuras importantes do catolicismo europeu. Penso esta viagem como último recurso, apelo ao "milagre" de Fátima, embora perante os factos conhecidos esta pouco lhes possa valer. Em causa estão declarações que uma mãe/pai não consegue entender. Sobretudo quando estas são lidas à luz da mente perversa, e eminência parda, que dá pelo nome de cardeal Bertone.

14.Abr.10

minoria silenciosa

António de Spínola, é figura militar do "Estado Novo", tal como Humberto Delgado,  embora o percurso políticos  destas duas personalidades tenha enveredado por caminhos opostos em relação ao confronto com o poder político do regime. Spínola desde sempre se apoia e movimenta no interior do regime a que o 25 de Abril procura pôr cobro. O aparecimento do então general à frente dos elementos da primeira Junta de Salvação Nacional  demonstra, na época, a subserviência à hierarquia militar a que se sujeitaram boa parte dos elementos que promovem a revolução. Sem referências pessoais genéricamente conhecidas entre a população portuguesa, estes acabam por entregar o poder de representação aos "velhos" militares, que assim assumem o controlo político e militar da Revolução.  Equilíbrios políticos à parte, a denominada Junta de Salvação Nacional, contou então, em boa parte, com forte presença de alguns aspirantes a substitutos (Silvério Marques, Diogo Neto, Galvão de Melo) da célebre "Brigada do Reumático".  A questão da salvação da Pátria para António de Spínola, baseava-se em itém único: a defesa acérrima da ilegalização do Partido Comunista, em Portugal. Convenha-se que, apesar do peso daquele partido na oposição ao regime de António de Oliveira Salazar, este partido, como seria demonstrado nas primeiras eleições livres e democráticas, não tinha o peso político que o futuro marechal conservador e reaccionário lhe atribuía. Convém, igualmente, realçar que os "papões e obsessões" do general não serviam sequer como programa político para um país que emergia de uma ditadura, nem podia ser laboratório para uma "nova Guiné", antigo território colonial onde o, para alguns hoje saudoso marechal, colocou em prática uma pessoal interpretação política de neo-colonialismo desfasado e inconsequente. Tentativa vã e ineficaz, reprodutora de boa parte de traumas da guerra que sobrevivem. Observando e a analisando a vida pessoal e militar de António de Spinola, agora relembrado, pudemos encontrar as profundas razões porque alguns lhe atribuem hoje a importância que nunca teve - um profundo conservadorismo e uma exacerbada tendência para o autoritarismo. Historicamente, Spínola, foi literalmente alguém que quis inverter um dos sentidos da revolução, recorrendo para tal a uma tentativa de golpe militar, o "28 de Setembro", vulgarmente associado a uma manifestação  conhecida como da "Maioria Silenciosa", promovida então por uma elite ultra conservadora,  que preconiza e prepara um golpe militar. Na tentativa  de impor uma ideia pessoal não sufragada, fórmula que convenhamos não seria bem aceite, se tal sentimento coexistisse hoje, pelos actuais detentores de cargos políticos que lhe dispensaram a honra de rememorarem a passagem do centenário do seu nascimento, como resultado o general abandona o cargo de Presidente da República e literalmente foge do país. Não é figura de Portugal, a não ser na prateleira da bizarria dos comportamentos autoritários e de militarismo já então claramente ultrapassado. Era um títere, a que alguns agora pretendem dar dimensão e profundidade histórica e cujo "tique" da utilização do móculo, como adereço visual, sabemos muito bem de onde veio. Pode destroçar, senhor marechal.

 

Fernado Campos deixa no seu blogue outra visão sobre o mesmo assunto só que esta acompanhada pela mestria da sua arte na caricatura.

10.Abr.10

Fez-se Luz

Cá são campanhas negras, difamação, perseguição, vitimização, etc., etc. Procuram descredibilizar, manipular a Justiça. Em Espanha "A justiça não persegue políticos, apenas persegue corruptos e quem corrompe. Estejam onde estiverem e, lamentavelmente, estão em todo o lado", disse Cândio Conde-Pumpido. Portanto deixem de se escudar nos cargos e prebendas, corruptos são corruptos sejam eles quem forem. Até podem ser filhos do Presidente da República que, para mim, vai dar no mesmo.

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