09.Jan.10
Spleen
Quando faz frio,
recolho-me entre os meus, aconchego-me.
Olho a paisagem através da vidraça, onde gotículas dispersas se entretêm, numa dança estranha, entre si.
Vultos atravessam a estrada, em frente,
sem direcção, estremunhados e fugidios.
Um cão ladra mais para além.
Leio, acerto palavras, tacteio folhas envelhecidas que recordam que já existiram outros mundos. Outras gentes.
Rebusco memórias doutros invernos entre papéis dispersos.
Calculo distâncias. Aquela a que os meus bisavós estão e não consigo encontrar uma data. Precisa ou quase.
Tento entrever-lhes os rostos.
Deixo-me embalar em memórias.
Viver de quê? Se o tempo se desconjunta.
Se o tempo me chama.
Se o tempo me quer.
Carlos Freitas/10.01.09