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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

31.Jan.10

Precursores

 

 

Foto: Biblioteca Nacional Digital

O 31 de Janeiro de 1891 no Porto culmina o século XIX português passado a pensar a República. Poderia ter sido proclamada em 1836, com Passos Manuel, poderia ter eclodido com, após a reacção desencadeada contra Costa Cabral, a "Patuleia" em 1848 e também não se consumou em 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto. A preparação para um regime político novo foi longa e penosa. Dos Heróis do Porto, hoje justamente relembrados, convém não esquecer a disponibilidade e a coragem. Justamente valores que necessitamos para olhar o futuro. Ontem, como hoje, a ideia de liberdade, fraternidade e igualdade que deviam pautar a vida pública dos homens e de uma Nação inteira. "A valorização de um Estado começa com a valorização geral do homem" escrevia Raúl Rego. Sem construir essa aspiração fundamental nada feito.

28.Jan.10

laissez faire , laissez passer

Moddy's, Standard & Poor's e Fitch são novos partidos no espectro político nacional, embora surjam designados como empresas de "rating". Ordinariamente deveriam ter sido sujeitos ao escrutínio democrático. Mas este acto já não consta do novo figurino nas democracias ocidentais. Embora desconhecidos foram estes partidos que ganharam as últimas eleições, colocando em causa as previsões das empresas de sondagens e os resultados finais. Daí ser agora possível entender cabalmente os resultados de 27 de Setembro último. Esse escrutínio democrático terá sido um último acto de sublevação da antiga república portuguesa que terá derivado de uma constituição obsoleta e considerada utópicamente democrática. Esperemos agora que os novos partidos tenham o bom senso de diminuir os vencimentos da classe política interna repôndo a nossa credibilidade internacional.

 

Ilustracção: Heath Hinegardner

 

26.Jan.10

Era uma vez...

um rapaz que andava sempre com a máquina fotográfica à tiracolo.  Um dia a máquina disparou assim. Se perguntarem porque é que foi esta a foto escolhida para documentar a primeira mostra  do fotógrafo figueirense na sua cidade a resposta é simples: a fotografia é o retrato da vida que nasce do olhar do fotográfo.Sem preconceitos.

 

                           Olhares de  Pedro Cruz

Assim, se quiserem começar a seguir a sua história o Pedro Cruz mostra aqui parte do seu trabalho. Como diz o Fernando Campos, para ver sem pressa.

25.Jan.10

Nunca estive em África

Ele há coisas muito estranhas neste país. Observemos estas imagens, recordemos como era o Portugal desta época. Já  imaginaram? Muito bem. Agora olhem bem para estas imagens e depois digam-me porque é que lá era assim e não era assim cá. Não parece estranho? Em parte, sei porquê. A necessidade de manter, a todo o custo, o Império, que se sabia já perdido, embora poucos prestassem atenção aos ventos da história, jogou-se na acelerada ocidentalização daqueles territórios. O próprio contraste com imagens recentes, que pretende acentuar a decadência actual das infra-estruturas deixadas pelos portugueses, permite entender como é que foi possível manter a denominada Metrópole num estado de lastimosa decadência. Na realidade essa foi a grande ilusão que Oliveira Salazar conseguiu manter até à morte e que contribuiria determinantemente para afundar a "Primavera Marcelista". Na realidade, o que nem é bem o caso de Moçambique, como dizia o poeta, a minha Pátria é a minha língua. Os restos desse império ficaram por lá. Era bom começar a entender como é que lá era possível e cá nunca o foi!

 

 

 

A ideia para este comentário nasceu aqui.

23.Jan.10

Império do Silêncio

Pela manhã o locutor de rádio, a propósito de não sei de quê, afirmava "que a expectativas são sempre demasiado elevadas". Sem saber muito bem porquê, sorri, ao ouvir a frase.

Na realidade, as recentes imagens de devastação no pequeno país que, agora, pela pior das vias, passou a ser soletrado quase diariamente, reconhecemos essa dimensão de que sempre tivemos conhecimento: o valor da vida humana, face a catástrofes de dimensão supra-humana, é sempre demasiado relativo. Reparando melhor ao nosso redor compreendemos que, para além da dimensão da tragédia agora difundida pelos meios de comunicação, existem outras com a mesma proporção e dimensão demasiado próximas de nós. Estas tem um senão. Encontram-se rodeadas pelo silêncio e incapacidade. Fazem parte desse número infinito que cresce todos os dias rodeado pelo silêncio. Dependem, quase invariavelmente, da fortuna ou do azar que nos acompanha desde o nascimento, esse jogo que começamos a jogar muito cedo: o jogo da sobrevivência. Face a uma enorme capacidade de abnegação pelo outro, que sobrevive em mulheres e homens, é preciso que reeduquemos o olhar e o recentremos em situações mais próximas. Não sou, por natureza, militante de causas, sou, por natureza, dadas as minhas fracas capacidades, pessoa que se interessa pelas causas silenciadas. Não me quero  membro por mais meritória que a seja a causa. Desejo apenas fazer eco da surda revolta do anonimato face ao desamparo. Em nome desses, dos que estão mais próximos e cuja tragédia necessita igualmente de ser colmatada deixo este APELO.

 

 

 

Para que o exercício da escrita na blogoesfera não sirva simplesmente como extensão de individualidade e possa, eventualmente, chegar a outros, permitindo colmatar situações tão próximas e cercadas pelo silêncio. Para que este se torne ensurdecedor. Acreditar é ainda a fórmula que nos mantém vivos quando esquecidos. Aqui e em qualquer lugar.

21.Jan.10

Socorro....Piratas!

 

 

 

Uns são piratas, os outros são o QUÊ? Leia e pense. Aqui no Bitaites. Pense e depois torne a reler. Perca um pouco do seu tempo, se tiver tempo, a ajuizar que os tempos mudam. E que na vertiginosa velocidade a que avançam deixam na borda do caminho escombros, restos putrefactos de tempos que não voltarão. Leia e pense é tudo o que peço. Se tiver tempo. É que ele existem coisas que se eu as quiser adquirir nem daqui a duzentos anos são por cá disponibilizadas. Primeiro estão os interesses que filtram o que dá lucro, escolhem consoante o gosto pessoal, dispõem desse pequeno poder de forma arbitrária sobre o que pode ou deve ser consumido, depois falam em nome dos autores e dos seus direitos, eles, os seus abutres. Relegam autores para as calendas dos fundos de catálogo. Desprezam. Só eles sabem o que deve ser produzido, embalado e vendido ao preço que bem determinam as leis do seu mercado. Pronto, já compus a bílis.

 

Clip fotográfico: deslocado daqui.

21.Jan.10

Hoje acordei num país sobressaltado

 

Hoje ao abrir as janelas logo pela manhã fiquei sobressaltado com o meu país. Enquanto o pequeno-almoço aguardava descobri que  secção de boxe do Sporting estava em plena actividade ali para os lados de Alvalade, as "conbersas" de um certo "portugalinho dos pequenotes" on-line, para todos perceberem, quase sem filtros, o que de melhor se passou nos meandros de um desporto que movimenta milhões. Percebi também o alcance de colocar à disposição do estimável público as ditas "escutas". O país sobressalta-se. Mas perceberá ele realmente o que está por detrás de tudo isto? Perceberá? Se "Podem ser lidas, podem ser vistas, mas não podem ser publicadas", como refere o ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Rogério Alves,.  Em que é que ficamos? Onde podem ser lidas? Por quem?  Como podem ser vistas? Por quem?  Se não forem publicadas...

19.Jan.10

Tropelia de cor

Alguém me avisou que uma portuguesa tinha um cartaz a concurso no DesignEurope2010. A votação ainda decorre, o cartaz da Diana Yung está ainda em terceiro lugar, por isso façam favor. Se gostarem, claro!

 

 

 

Navegando à vista entrei no Gizmodo, um site francês para geek's, onde venho a descobrir que a Apple anuncia para dia 27 deste mês a divulgação dos seus novos projectos...

 

 

Daí que fiquei a gostar deste mundo cheio de cor... terão os senhores da Apple visto o cartaz da Diana? Who knows?

 

 

 

18.Jan.10

mp3

Um blogue pode servir também, por entre outros assuntos, para expor pequenas peças da vida particular de quem o vai escrevendo. Se a pessoa a isso se dispôr. Momentos e assuntos que fazem parte de nós. Assuntos intrínsecos à vida quotidiana de cada um. Como, vai para muitas luas, amigos do alheio tomaram a iniciativa de me separar do rádio/leitor do carro, optei por deixar o seu lugar vago, se por um lado guarda a memória do objecto roubado, por outro tenta evitar a todo o custo que a gracinha se volte a repetir. Hoje existe simplesmente o buraco onde em tempos, resplandecentes, morava um rádio-cd. Como sou dado a andar de um lado para o outro todos os dias a falta do objecto tornou-se demasiado notória, ajudando a abafar os ruídos, cada vez mais parasitas, numa viatura que já me acompanha desde o século passado e como companhia sempre disponível. Há tempos resolvi que a situação teria de ser debelada e acabei por adquirir um vulgar leitor de Mp3, embora a notória perca de qualidade audiófila, a portabilidade do objecto, que entretanto ganhou ligação à saída do isqueiro e um par de colunas, passou a desempenhar o papel antes preenchido pelo rádio/leitor de cd's. Não vou falar da marca, nem do modelo do meu aparelho, vou apenas registar o que no dia 18 de Janeiro de 2010, fazia parte da minha banda sonora portátil, por ordem alfabética, que estes aparelhos gostam pouco de anarquia:

 

Armand Meliés - Casino

Bernard Lavilliers - Samedi Soir À Beyrouth

Diane Birch - Bible Belt

Fyfe Dangerfield - Fly Yellow Moon

Jean Patrick-Capdevielle - Les- Enfants Ténèbres et les Anges de la Rue

JJ - Album nº2

Jóhann Jóhannsson - And in the endless pause there came the sound of bees

Orchestral Manoeuvres In The Dark - Organisation

Seasick Steve - Man From  Another Time

Sting - If On A Winters Night

Tom Boyle - Maniobra de Aproximación

Violent Femmes - Hallowed ground

 

Não sei se reparou mas em meia dúzia de linhas existe todo um mundo de informações sobre a minha pessoa. Tudo o que vai para além disso torna-se violação da privacidade. Se repararam, por acaso, na banda sonora, podem chegar a conclusões interessantes. Demasiado ecletismo? Não, apenas audiófilo. Qualquer coisa parecida com amor pela música.

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