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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

11.Dez.09

a extremidade da unção

Em pleno século XXI, ainda e após Afonso Costa, eu sei: eles abominam o Costa.Por isso refiro o Costa. Podia referir outros. A quem ainda não pediram desculpa. Eles que vivem da memória e do Direito canónico. Entretanto, no Verão passado, segundo leio - abispado - conseguiram manter em funções ( ditas públicas? dita o meu espanto!) nos hospitais num Estado que, acima de tudo, deve preservar a liberdade religiosa dos seus membros.Sim, eu sei, deus está por cima de tudo, sendo assim, como existem muitos deuses, a confraria celestial deve andar ás turras com o caso da excepção.

 

 

O método é simples extingue-se a designação de capelão ou altera -se a nomenclatura da dita (onde é que eu já vi isto), e continuam a vender a salvação da alma em troca de uns níqueis para os oficiantes da igreja católica, que também ela passa por grave crise: de vocações e financeira, embora a fenomenologia em Fátima arraste multidões de seguidores do embuste. Prebendas e bens de capela pelos vistos mantém-se. Quem quer ser salvo lá obriga o Estado a abrir os cordões da bolsa. Não tenho nada contra o catolicismo, a não ser sobre essa espúria fórmula com que continua a arvorar-se em religião oficial ou oficializada do Estado e das gentes. A jornalista Fernanda Câncio transforma  o assunto num "match" entre Estado e Bispos. Não está mal, bem pelo contrário, explica o acordo muito, mas muito bem, explicado. O que pode ser uma troca com o casamento  civil entre pessoas do mesmo sexo. Espero que não aconteça o que estou a pensar. É que herdei algo desse Tomé que dizem ser apóstolo. Com tantas dúvidas... Das duas uma ou o jogo se desenrola entre toma lá, dá cá. O jogo cínico da diplomacia. Ou ficamos outra vez a ver passar navios num Estado laico. Que o Estado continue a pagar aos agora assistentes católicos é que não me cabe na cabeça. Já agora também recebem horas extraordinárias?

11.Dez.09

da Falsidade ou de como todo o mundo se engana

 

O falso é construído, em grande medida, a partir do verdadeiro. Embora não sendo muito fácil descobrir que uma coisa é falsa, arte dada a especialistas, esta pode ser verdadeira. Embora falsa, existe. Reparem numa das famosas actividades a que se dedica boa parte da economia chinesa. A de fazer parecer verdadeiro o que é falso. Um rolex falso é verdadeiro. Existe. Ou não? É falso? E depois? Só quem percebe é que detecta a falsidade. A falta de veracidade. Os outros, esses acreditam que é um "rolexz" dos verdadeiros. Verdadeiro mesmo! Vejamos o caso de uma pintura atribuida a um pintor famoso. Descobre-se que é falsa. Meio mundo considerava-a verdadeira. Mas essa qualidade só é adquirida quando olhos treinados ou máquinas detectam a falsidade, até lá ela foi verdadeira. Pertencia aquele pintor. Quando se afirma que algo é falso estamos a partir do pressuposto de que o verdadeiro existe. Embora o verdadeiro só seja passível de ser detectado por quem consegue distinguir o verdadeiro do falso. E isso é uma ciência. Uma Arte, se assim lhe quiser chamar.