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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

01.Dez.09

da representação e simbologia do poder

 

Sou um mero e simples atento observador das representações do poder. Contudo dou pouca ou nenhuma importância a cimeiras, nestas deleito-me a observar os detentores do poder a enovelarem-se entre si, criando laços. Tampouco me interessam os discursos, embora através deles, se produzam leituras interessantes da realidade em que vivem as personagens que os produzem. Nem atento nos os chás dançantes e outros acontecimentos do mesmo teor, com que a cúria se entretêm entre si. Destes retiro a pilhéria das relações sociais que se estabelecem. A vaidade do mundo que vive do luxo que outros pagam. Procuro por isso apenas vislumbrar o que de mais profundo representa o poder e as suas manifestações que de si produz. Vacuidade, disfarçada de responsabilidade. Isso e mais umas quantas ideias que me escuso a partilhar.

01.Dez.09

Instrucción sobre el gobierno de España

 

 

Aparentemente, pelo que observo entre os diversos inquéritos de opinião, a esmo um pouco por todo parte, muitos dos meus compatriotas conhecem a razão das comemorações que estão na origem do feriado de 1 de Dezembro. Embora as razões, liofilizadas pelo historicismo do Estado Novo,  pouco ou nada tenham que ver com a realidade contemporânea. Nela reparo que os monárquicos portugueses, convictos, se deviam congratular com a nossa dependência económica actual, a fórmula de anexação do século XXI, do execrável regime político espanhol. Ao comemorar a morte do conde andeiro apenas estaremos a dar vivas aos novos condes de andeiro. Com a subtileza do elefante numa loja de louça observo esse ressurgir de condes e viscondes de dá cá aquela palha nesta província espanhola onde habito. O retornar de definições sanguíneas e terra tenentes entre essa pseudo aristocracia do Condado Portucalense, recorrendo a velhas fórmulas de distinção social, demonstram claramente que pouco mais tem a que se agarrar do que a designações abolidas à quase um século. Permitir que isso aconteça é desacreditar os valores que estiveram na origem da Restauração. Comemorar a Restauração é simplesmente hoje um acto de hipocrisia efectivada por um regime enredado em múltiplas contradições históricas e sociais. Resguardemos a memória mas não se oculte as contradições de 1640 e as de 2009. A revolta foi popular, iniciada em Évora, cidade onde se deixou de respeitar os filhos de algo e a própria hierarquia religiosa, por sinal a mesma que vigorava nos dois lados da antiga fronteira. Revolução incendiada pelo aumento de impostos,  o detonador da recomposição das monarquias ibéricas. Realçar a importância da acção popular é pois tão ou mais importante que apenas comemorar um feriado com profundas raízes no ideário da monarquia e dos seus actuais defensores. Fazê-lo é apenas, e só, a mera constatação de que são os esquecidos da História que fazem com que o mundo se mova. E essa é a prova que não existem habsburgos, nem braganças, que dominem para sempre. Entretanto o povo aclama o poder restaurado. Afinal que pode fazer mais um povo. Acreditar que o novo poder será diferente do anterior. Grave erro, como se sabe. O problema é que os deserdados da História passam a vida a lutar contra as dominações. De geração em geração. Ontem e hoje.