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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

30.Set.09

Da Estrutura da Moralidade

O título recupera a tese de doutoramento de Mário Sottomayor Cardia. Onde aquela não existe ninguém tem razão. Sottomayor Cardia, que aqui recordo, terá tido a tirada mais eloquente sobre o actual inquilino de Belém. Sottomayor Cardia era um pensador e não um político. Ai nasce a diferença. Prefaciando "Quem se mete com o PS, leva", acrescento "Quem se mete com Cavaco, não fica sem resposta". Embora alguns tenham feito um enorme esforço para O não entender, ou não quererem entender. O confronto está aí. Entre meias palavras e meias verdades. Para durar. As respostas entre ambos serão cada vez mais ríspidas e contundentes. É um combate mortal e não apenas político. Trata-se de formas de estar e de ser. Inconciliáveis. Alguém se atreve a imiscuir-se entre as duas principais figuras do Estado Português e manda-los calar de vez?

28.Set.09

nada muda, mas tudo se transforma

Eleições em cinco pontos:

1º -  Vencedor das Eleições - CDS/PP

2º -  Vencedor das Eleições -  P.S.

3º -  Vencedor das Eleições - B.E.

4º -  Vencedor das Eleições - C.D.U.

5º -  Derrotado das Eleições - P.S.D.

 

Olhando o novo Parlamento apenas enxergo uma possibilidade estável de governo: P.S. + C.D.S. Nem aí vejo grande novidade. Tudo como dantes, avancemos então para Abrantes. Com o P.S.D. de M.F.L. na oposição, o Bloco Central, por agora, parece apenas um fantasma. Com um outro líder já não direi a mesma coisa. Pela frente iremos ter meses interessantes de discussão e confronto ideológico. O que até nem é mau. Antes pelo contrário. Beneficia o parlamentarismo. Espero eu que também a vida do mais comum dos portugueses. Embora não acredite que tal se torne realidade. Entretidos, os partidos, na arena parlamentar, o esquecimento do país - embora afirmem que falam em nome dele - tornar-se-á uma realidade a que também já vamos estando habituados.  

26.Set.09

Boa Alma de Setzuan

 

Mudei o sentido de voto após mais uma inenarrável campanha eleitoral a que apenas assisti pela televisão. Não andei em nenhuma arruada, não visitei mercados, não beijei peixeiras (embora não tenha nada contra), não procurei ser bafejado pela oferta dos mais desvairados brindes oferecidos. Mantive inviolável o telemóvel pessoal da intrusão(a não ser o SMS da D.G.S. - a da Saúde e não da de triste memória) partidária. Não gosto,nem tenho por hábito rasgar o ar que respiro com bandeiras ou lançar gritos e reptos - a plenos pulmões - com frases, sem nexo. Também não me fui sentar em nenhum debate ou jantar. A minha discrição não me permite ultrapassar a mediania. Sou meão de altura, como diria o poeta favorito e demasiado discreto na participação. Prezo a liberdade, a pessoal e a vossa, como o ar que respiro. Mas irei votar. Como sempre fiz, feitas as contas, desde 1979. Desta vez estive quase tentado a escrever um pequeno poema (*) no boletim de voto. Não o irei fazer. Contudo, ao longo dos dias, mudei o sentido de voto. Porque o fiz? Porque cheguei à conclusão (triste) que não já não é com bolos que se enganam tolos, como eu. Confrontado com perversão das propostas, sustentadas através de um discurso cheio de incongruências, que se foram acumulando, da postura demonstrada, que se pretendia esclarecedor, face a toda a desarmonia observada em tal conjunto de factos obrigou-me a pensar se valeria a pena votar no partido para o qual me inclinava. Deste modo o coração deixou de balançar. Preferi manter o sentido, vertical, talvez austero, mas meu. Por isso, no Domingo, lá estarei, depositando o meu voto no quadrado onde voto desde 1979. Porque apenas tenho um desejo: fazer de Portugal um país mais justo. Porque a minha mediania só a isso aspira como militante do direito de voto.

 

(*) Eu louco, cego, eu mísero, eu perdido

De ti só trago cheia, ó Jonia, a mente:

Do mais, e de mim mesmo ando esquecido ...

                                    Barbosa du Bocage

24.Set.09

A Bem da Nação

A maior campanha de intoxicação desde 1928.

 

"Não há Estado forte onde o Poder Executivo o não é, e o enfraquecimento deste é a característica geral dos regimes políticos dominados pelo liberalismo individualista ou socialista, pelo espírito partidário e pelos excessos e desordens do parlamentarismo.
O princípio salutar da divisão, harmonia e independência dos poderes está praticamente desvirtuado pelos costumes parlamentares e até por normas insertas nas constituições relativas à eleição presidencial e à nomeação e demissão dos ministros. Essas normas vêm sujeitando, de facto, o Poder Executivo ao Legislativo, exercido por maiorias variáveis e ocasionais, e à mercê também de votações de centros políticos estranhos aos Poderes Públicos. É uma necessidade fundamental restituir esse princípio a alguma coisa de real e de efectivo, e, bem observados os acontecimentos políticos da Europa nos últimos anos, pode afirmar-se que, tendo-se tornado inevitáveis pelas desordens daquelas engrenagens, tudo aí gira à volta da preocupação dominante de achar o sistema que dê ao Poder Executivo independência, estabilidade, prestígio e força."
 
Salazar, Discurso de 30 de Julho de 1930.
 
Caro Junqueiro, em 1928, não havia o cargo de Primeiro Ministro, mas o de Presidente do Conselho. Compreendo contudo a imprecisão de Vª Exmª,  dado que exercia a oratória num comício do partido. Assim sendo nada mais a esperar.Troco as suas referências ao discurso de 1928, por esta, onde as linhas mestras são as mesmas que o seu partido preconiza. Era só.

 

21.Set.09

Boss ou Chavez?

 "a namorada o aconselha no guarda-roupa" Sabendo quem são patrão e empregada do referido jornal, não existe pejo em trazer qualquer coisinha sobre o dito, nem que seja a informação que se ressalta. A frase parece, aparentemente, que foi "deixada cair" pela empregada e namorada. A frase atolou-se, como um frete, no computador do jornalista. Uma estranha mistura entre jornalismo e folclore "comicieiro", atenta ao momento, criada por motivos tão comezinhos como os ditados pela necessidade de manter o poder. Ora o melhor conselho, neste momento, em termos de imagem, era o de uma rápida e eficaz operação plástica ao nariz. Não porque este, aparentemente, tenha crescido nos últimos anos. Mas porque é apêndice que, não sendo enquadrado por angulo que beneficie, deixa sobressair algo pouco fotogénico. É o chamado "calcanhar de Aquiles" do político que sobressai. Esta não é contudo uma campanha negra, bem pelo contrário, aqui joga-se no azul, no vermelho, no "bordeaux". Ameniza-se. Lima-se a questão importante dos sapatos, "sempre de atacador", associando hábito a um conservadorismo que importa também realçar. Releva-se o nome de uma marca de "jeans". Será patrocinador oficial? Fica-se sem saber. Tudo é limbo. Mas quando o perfil nos surge associado a um pretenso homem de estilo "Boss" aqui surge, justificada, a grande dúvida. A que estilo de "Boss"? Ao do referido estilista ou a um outro Hugo que ostenta o sobrenome de Chavez? Eis a estranha mistura, ditada pelos mentores da campanha, entre um estilo suave e conciliador "made in" Casa Branca e um populismo esquerdóide e estatista "made in" Venezuela. Há por aí quem goste. Eu não.

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