Domingo
Llach é a geografia inquieta do vento que enfuna as velas da nossa vida.
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Llach é a geografia inquieta do vento que enfuna as velas da nossa vida.
no ser humano é o sentido da descoberta ou, neste caso, da redescoberta. Redescobrir é por vezes tão ou mais importante, que o próprio acto da descoberta. Embora muitos achem o contrário é na memória que está a nossa identidade.
Por dever de ofício recentemente deparei-me com alguns cidadãos europeus que ao aportarem nas marinas nacionais são obrigados a declararem uma série de dados relacionados com a sua identificação e da sua embarcação. A maioria queixa-se de que isso apenas acontece em Espanha e Portugal. Queixa-se do excesso de burocracia de papel. Esqueceram-se disto e de que hoje somos todos potenciais terroristas e em especial de que somos um país tecnologicamente atrasado onde o papel ainda tem muito valor. Já não é azul, mas isso das cores não interessa nada, o que interessa são as toneladas de papel e a papelada, que muito lentamente vai sendo concretizada noutros suportes informáticos. Habituem-se que Durão Barroso tem mais na manga e a invasão da vigilância electrónica será negócio muito interessante. Ou seja já é, mesmo que a legislação continue a ser omissa quanto a direitos liberdades e garantias. Mas o que é isso? Quem não deve, não teme, não é?
Normalmente abstenho-me de referências agrícolas. Sou urbano embora pouco depressivo e sem horta. Mas...se cá nevasse fazia-se cá ski... reminiscências de uma velha canção do cançonetismo pós - pós revolução. Mas vamos ao que interessa. Os ingleses, os da velha Albion, utilizam um termo, com fraca correspondência por cá, mas com lauta utilização, sobretudo após eleições. É o chamado "Cherry picking" que vou tentar traduzir em poucas palavras, que é para isso que servem os termos ingleses: acto de explicar os dados ou uma determinada posição ignorando parte significativa dos casos relacionados ou dos dados que podem contradizer essa posição. Por cá diz-se que a conversa é como as cerejas. Afinal também temos reduções interessantes. Onde é que entra a pulga das couves? Parece que estas se reproduzem de forma vertiginosa alimentando-se exclusivamente da seiva da planta. Afinal quem são aqui as pulgas? Apenas serve de metáfora para os que ad eternum continuam a praticar a arte do "cherry picking", um barrete que serve a determinadas cabecinhas de alho.
a única cena interessante foi ver sua Excelência curvar-se perante um português comum. Espero que lhe tenha feito bem à consciência ética. Enquanto Salgueiro Maia fica na galeria dos heróis, a sua Excelência resta a galeria dos intermináveis governantes que daqui a cem anos niguém se recorda e apenas surgem na cronologia dos primeiros-ministros e Presidentes da 3ª República. O que convenhamos já não é nada mau. Durante a tarde embrenhei-me no Second-Life.
As meninas tinham umas caixas de cartão e uns papéis em tudo idênticos ao boletim de voto. À saída perguntaram-nos, a mim e à Ana, se queríamos votar novamente. Perguntámos para quê? Responderam as meninas que era para as sondagens. Voltamos a perguntar, deduzindo que as empresas de sondagens são um negócio montado, pelos vistos legalmente, à saída dos locais de voto, situação que não devia ser permitida, pois o que dava jeito era uns vendedores de bifanas, algodão doce, pipocas e balões, cachecóis e hoje uns chapéus de chuva, se a tal empresa de sondagem comprava o nosso voto. Estávamos dispostos a vende-lo, já que isto de sondagens é negócio. Neste caso vendíamos o segundo voto. Responderam as meninas que não. Então eu e Ana, decidimos, porque achamos que é um perfeito disparate estar a contribuir gratuitamente para uma empresa de sondagens e para o seu negócio que nos abstínhamo-nos de votar nas sondagens à boca das urnas. Para a próxima, se as meninas lá estiverem, iremos votar (mesmo que não nos paguem) nas urnas das sondagens. Só que desta vez vamos engana-los, votando ao contrário do voto que depositamos nas urnas oficiais. Ficam desde já avisados os donos das empresas de sondagens, que as meninas essas não tem culpa nenhuma, estão ali a ganhar uma miséria para fazer aquele trabalho, enquanto a empresa de sondagens recebe milhares pelos resultados das sondagens à boca das urnas, mesmo que as suas margens de erro prevejam já estas situações. Tenham dó, estamos fartos de chico-espertos.
Esta coisa de ser um aprendiz de feiticeiro implica, como chamou aos seus colegas, Marc Bloch, se não estou em erro, tal como ele nos explica logo no início de uma das obras fundamentais para os que querem ser aprendizes desta feitiçaria, obra que em português recebeu o titulo de "Introdução à História" que a História me distrai. Começa o livro com uma (aparentemente inocente) pergunta: "Pai, para que serve a História". No fundo, como nos explica o historiador francês, esta pergunta feita por uma criança ao seu pai, vai coloca um dos mais pertinentes problemas da História : o da legitimidade. É nesta questão que a memória dos sítios das gentes é algo que ao ser preservada os e as preserva dos que não possuem memória e a não pretendem reconhecer, nem dar a conhecer. Não se vive do passado. Vive-se com o passado e os historiadores tem por costume fazer-lhe perguntas. A foto, que encima este arrazoado de palavras, é uma foto virtual retirada do site do porto de Liverpool. Tem como significado um futuro projecto de aproveitamento de um terminal ferroviário naquele porto. Apenas isso. E para que serve aqui um preanuncio do futuro em Inglaterra se estou a falar de passado da Figueira da Foz. Cá por coisas. Apenas para dizer que foi o Porto da Figueira da Foz o primeiro porto nacional a ser servido no seu interior por uma linha ferroviária. Provavelmente existem muitos figueirenses que ainda se recorda desse facto. O hoje desaparecido Trapiche era atravessado por uma linha ferroviária. Existem outros figueirenses que sabem igualmente, por ser facto mais recente, que foi o Porto da Figueira da Foz o primeiro na região central do país a receber, de novo, uma moderna linha férrea. Basta olhar para o seu interior e verificar esse facto. E esse devia ser motivo de orgulho para os figueirenses e para as suas forças vivas: a uma utilização eficaz desta infra-estrutura seria uma mais valia para a cidade do futuro e não apenas para o seu porto de hoje.