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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

31.Mar.09

Povo de mareantes

Nada que valha a pena. Mesmo nada. Apenas isto: a única reacção deste povo, dito telúrico, é a imigração. O resto são conversas de Chiado, como à um  século atrás. Mudam os nomes,  os tiques e cabotinismo mantém-se. Fica mais leve o país, atravessado por uma leveza onde os defeitos são virtudes.

30.Mar.09

Ex-Citações

" A nossa literatura está cada vez mais jornalística - o que não quer dizer que o nosso jornalismo esteja mais literário"

Afonso de Bragança

Crónica de Livros, Diário de Lisboa, 28 de Março de 1922.

29.Mar.09

Viver com memória

Neste país onde uns quantos querem fazer morrer a memória, tem por costume encerrar velhas linhas férreas, cheios de ademanes modernistas. Bacocos e prosélitos destes observem bem como através de um simples "clic" de rato podeis observar gentes que já existiram num tempo em que vós nem existieis. Janela aberta ao passado, sem nostalgia, apenas recado às gentes de hoje. Preservar não é bem o mesmo que destruir, apagar. Que fique claro.

 

 

 

28.Mar.09

Mau, Mau Maria

                                                                                     Studio Hajo

O marxismo é filosofia materialista, de cunho científico, um pensamento que os intelectuais "pós" consideram com tendência para aportar a uma visão única. Bem me parecia que o decrépito marxismo teria que ser ressuscitado (bem ele nunca morreu) para fazer algumas releituras do decurso da  terceira fase do capitalismo. Embora muitos recusem essa possibilidade prática. Demonstram por A plus B que a História de 1929 se repete. Crise cíclica chamam-lhe. O materialismo marxista, dizem, é muito redutivo. E apontam para a ex-URSS. Bem,  no ponto em que as coisas se encontram, o materialismo capitalista não é mesmo nada redutivo, tornou-se simplesmente abjecto. Até Joe Berardo pensa em mandar prender os banqueiros. Dai que nem eles saibam muito bem para onde apontar. Ora, considerando muitos que nenhum, pelo menos esse,  caminho era até à pouco possível, apraz-me observar o contorcionismo ideológico que me rodeia. Um dos ginastas, candidato da actual direcção do partido  no poder, ao parlamento europeu,  preconiza, para contrabalançar o actual estado da questão, o retorno à social-democracia. O verdadeiro e possível socialismo de Estado. O que não descamba para os totalitarismos sociais. O que gere a economia de mercado de forma a ela descambar tal como na actualidade. Bem visto. Eis, à falta de melhor, a nova capa dos ex-neo-liberais. Vindo de um ex-social-fascista (um "mimo" habitual trocado entre as esquerdas) não seria de esperar outra coisa. A cultura popular de massas criou, para o efeito, uma frase redutora para explicar este facto : "com bolos se enganam tolos".

26.Mar.09

Em lume brando

 foto: darkmatter

O fogo lavra mansamente por essa Europa fora. Não me refiro aos incêndios florestais domésticos, estou a falar da contestação social e das formas que vejo assumidas. Do Reino Unido a França os nervos estão em franja. Por cá, povo de brandos costumes, que o nacionalismo  de finais de XIX e inícios de XX tão bem domou, o Estado domina a turbamulta (como chamam aos pés descalços quando em fúria). O trabalho desenvolvido pelos intelectuais do Chiado, com Júlio Dantas à cabeça, orientaram um povo em alvoroço - ou farto dele - na direcção de um regime aparentemente sem ideologia. O Estado Novo, ao juntar no seu seio monárquicos, integralistas, saudosistas, neogarretianos e por aí fora, esvaziou de ideologia, ficando com a parte de leão no condicionamento psicológico do povo, donde dizia emanar, implementando uma política à direita e autoritária. A quintessência da revolta foi assim domesticada tendo por cobertura os devaneios republicanos, com as suas revoltas quase diárias. Exangue a 1ª República ficámos entregues ao viver habitual. O mesmo em que nos encontramos ainda maioritáriamente. Mas todos sabem que a fogueira da Europa chegará. Tarde, como é da praxe, mas chegará. O resto são historiazinhas de "penaltis" e  julgamentos de pequenos tiranetes para nos suavizar o jugo.

24.Mar.09

Embirração

Manhã cedo. Nem o cafezinho obrigatório tinha sido ainda consumido quando nisto, logo de manhã, de manhã muito cedo, a caminho de mais um dia, deparo-me com  a habitual carrinha do senhor que distribui os jornais e revistas estacionada na rua estreita muito encostada e um carro, que o senhor da distribuição tentava orientar pelo espaço que sobrava, que nem era muito exíguo, de forma a que o condutor conseguisse avançar. Mas  aquele não andava. Nem para a frente, sentido que ali é obrigatório, nem para trás, que é sentido desaconselhado. Deve ter dito ao senhor que esperava. O senhor começou a atirar com os jornais e com as revistas para o chão. Parecia pensar que o dia começava mal. E o carro continuava parado. À espera. Ninguém sabia de quê. Nem o senhor dos jornais que lá ia pela rua fora com um enorme fardo de jornais às costas. Apitei. Atrás de mim mais dois condutores apitaram e nada. Saí do carro. A senhora tinha a janela aberta. Perguntei qual era o problema e responderam-me imediatamente para me meter na minha vida. Logo de manhã. Na minha vida. Mas era precisamente à minha vida que eu pretendia ir.  Percebi que a senhora estava no centro do seu mundo e que o resto do mundo rodava em torno do sol, que era ela. Resolvi ser mal educado e pus-me a fazer perguntas. Resolvi desconfiar da carta de condução da senhora. Fez-me impressão porque é que um Peugeot 106 não passava por aquele espaço. Que raio. Perguntei se deveria chamar a polícia, porque se a senhora achava que eu não me devia meter na vida dela porque é que ela  se estava a tentar meter na vida do distribuidor, na minha e na de mais duas pessoas que se encontravam nos carros atrás. A senhora arrancou. Afinal passava. Passou a senhora, o carro, pela passagem que minutos antes era demasiado estreita. O ar da senhora era o de quem tinha o dia estragado. mas isso era o menos. Pareceu-me antes que levava enfiado um foguete num local que até vem a despropósito nesta crónica.

Até amanhã.

23.Mar.09

Fim do mês

A fazer contas à vida. Parece-me que este mês se vai andar aos papéis. Está duro. Cortar onde e como? A corda está bamba nada como dar um pouco de cor ao blogue. A ver vamos.

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