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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

19.Fev.09

a culpa afinal é dos yuppie's

tenho acompanhado com interesse renovado as teorias dos nossos comentadores económicos. A mais recente descoberta deixou-me atónito. O desmoronar do sistema capitalista erigido no decurso da época Regan/Tatcher, é agora explicado pela falta de altruísmo e ganância destas figuras, emergentes na época. Ora todos estes doutos sabem ou já perceberam que o sistema entrou em decadência pela conivência e falta de controle por parte do Estado, submetido e manipulado, a bel-prazer, pelo sistema financeiro, que o domina. Assim sendo, e como nestes assuntos não alinho na folia da época que atravessamos, aconselho vivamente que estes senhores sejam colocados nas prateleiras do desemprego por falta de vocação. Embora lhes tenham ensinado a odiar Marx, a análise deste, e não dos seus acólitos, ao sistema capitalista possui algum fundo de razoabilidade. Todos eles sabem de tal, mas não querem que se saiba. Odeiam ter que assumir essa razoabilidade.

 

este post foi profundamenete influenciado em O LOBO DE WALL STREET 

a fascinante foto foi deslocada daqui

 

 

17.Fev.09

Saloiada

Estávamos neste ledo e quedo reboliço quando informados que o Presidente norte-americano não havia escrito mas sim telefonado ao rei de Espanha. Pude assim observar quão pacóvios somos. Intrigou-me  a pressa com que deram conhecimento ao povo de tão celebrada carta. Não existindo assunto que mais nos toque, eis que, com diferença de alguns minutos, os portugueses foram informados, hierarquicamente (seguindo o protocolo de Estado), de que os mais altos representantes da Nação haviam sido contactados por missiva pelo Presidente norte-americano. Exultaram multidões no Terreiro do Paço, entretanto fechado à circulação rodoviária. Deu-se então conta de que o nosso convite para o baile  chegou por carta e não por SMS. Que chatice.

16.Fev.09

O povo afinal é quem mais ordena

 

Deparo-me com as votações massivas em líderes, sejam estes nacionais (ver qualquer nos congressos das agremiações a que pertencem) ou outros (ver Hugo Chavez) e chego ao meu próprio consenso e recupero um velho chavão. O POVO É QUEM MAIS ORDENA. E mais nada. Em tempos pareceu-me que era assim. A democracia resvala para o amorfismo, daqui a muito pouco cultiva o recurso ao ditadorzinho. Lá mais para o fim revive o som da bota (cardada). Parece que é assim que o povo ordena. Não deseja, mas ordena. O povo, esse, sabe-a toda.

15.Fev.09

O meu mundo aquático

 

Cá, contam-se pelos dedos de uma mão as mulheres estivadoras. Os portos portugueses são uma espécie de última fronteira. Trabalho pesado. Não para que fique florido, nem essas coisas, simplesmente para que fique mais humano. De resto está lá quase tudo. Trabalho de pais para filhos. É bela a reportagem de Fátima Rolo Duarte, "Estivadoras/Estivadores" (basta ir clicando em anterior, no fim do texto, e a viagem prossegue). Passei os últimos 23 anos num porto, um dos mais antigos do país, aquele ali acima, algo que faz toda a diferença quando olhamos aquelas imagens e lemos aqueles textos. Barcelona, Valência, Lisboa: um trabalho sem capacete.

15.Fev.09

O Medo

andam por aí a falar do medo. Dos medos. Temo que alguns sejam apenas pequenas fobias pessoais. Encontrei uma reflexão sobre o medo, embora pense que democracia nunca significou, por si só, o fim do medo, e que afirma simplesmente a que quem tem medo, que fale. Os pequenos e grandes tiranetes aparecem porque o medo se torna maior que a pessoa. Diz o povo quem tem buraco no fundo das costas, tem medo. Mas tal não é sinónimo de medo, é antes vergonha de ter esse buraco no fim das costas. Pior que o medo é essa vergonha de transportar o medo. Depois damos a cara e, quando olhamos para trás os merdosos, por medo, já lá não estão. Fugiram. Com medo. Mas de tantas vezes acontecer pode ser que um dia, ao olharmos para trás, ainda lá estejam todos. Nesse dia perderemos todos o medo.

12.Fev.09

Não os podiam calar?

 

A situação descamba diáriamente. Enquanto isso o partido do governo inunda o país com assuntos fracturantes. Ele é assunto fracturante atrás de assunto fracturante. Todos os dias a fractura aumenta. E de fractura em fractura o partido do governo pensa que este é um país de parvos. Estando o país a necessitar urgentemente de gente com classe de estadista, o partido, que se encontra no governo, por falta deles, que saibam enfrentar a actualidade e os seus problemas, entretém-nos com fracturas que, por muito importantes que sejam, não nos servem para nada neste momento. Atentem à crise que depois falamos nas fracturas que propõem a destempo. Ninguém os podia avisar?