nota impávida
A época faz-me cócegas. Dou por mim a olhar embasbacado para o televisor que mostra velhos mascarados dançando sozinhos ou aos pares nos tristes depósitos onde se tornou hábito coloca-los. Fazem de conta que estão felizes. Uns sim, outros não. E riem. E choram às escondidas. Paro o carro para observar as futuras gerações incentivadas a virem para as ruas das vilas e aldeias deste país a fazerem de conta que estão mascaradas de papel reciclado. Umas são latas de compota, outras parecidas a caixotes de lixo. Há de tudo e para todos os gostos. A Ana contou-me uma, que ouviu de passagem, entre dois miúdos. Um perguntava que mascara era aquela que o outro usava. O outro respondeu que era de pintor. O outro perguntou porque é que ele estava mascarado de pintor se nem sabia pintar. Ora toma.
Foto: Máscara de origem maya em cerâmica.