O Orçamento de Estado para 2009 é, como se previa, uma espécie de oráculo de Delfos, cujas predições são passíveis de múltiplas leituras. Esquema habitual em oráculos. Ora um país não pode viver, nem sobreviver, sobre as ordens de uma qualquer pitonisa, com tal instrumento em mãos. O que este permite pode desvirtuar o próximo resultado saído das eleições. Presidente da República e Primeiro-Ministro, dependentes e interdependentes, são a face de um dos lados da moeda, má, por sinal, que o Orçamento encerra. Dependentes, porque reféns, de eleições próximas, os dois pilares do Estado democrático começaram já a "contar espingardas" para a guerra que se avizinha, que, sem sombra para grandes dúvidas, se desenrolará entre ambos. O problema, sabem-no eles muito bem, é que os cavalos também se podem abater, hoje, mais que ontem, amanhã, mais do que hoje. Nunca se sabendo qual o cavalo que se segue. Uma incógnita trazida pela nova conjuntura vivida. O problema é agora esse. Aguardando por ordens de Washington, a "corrida à portuguesa" encerra muitas lutas apeadas. Entre peões e quejandos. Basta estar atento e deixar correr o orçamento. Enquanto as classes denominadas párias da democracia são enoveladas numa excessiva carga fiscal, desenrolasse ao seu lado um autêntico "bodo aos pobres" entre os eleitos deste orçamento. Que não são seguramente os contribuintes líquidos, mais numerosos, como já vem sendo hábito da nossa democracia. Dai que esta seja a última carta, de um baralho desconhecido, que resta. Mas para jogar, não basta ter cartas, é necessário saber joga-las.