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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

30.Nov.08

... gélido abandono

 

Anda, parece-me, meio mundo tonto, outro meio, igualmente tonto a enxergar aqueles outros a deglutirem (se assim se pode dizer) o manto branco que por esta época nos cai no calendário e recobre essa interioridade. Que lhes diria sobre os seus devaneios? Se coisa para tal tivesse palavras. Fica apenas a impressão, talvez despropositada, de enxergar para além do momento. Ermos fustigados pelo silêncio, esquecidos, partidas que serão neves e frios. Para ali ficam. Como quem diz assim. Como assim ficam aqui.

30.Nov.08

AVISO

Apela-se aos cidadãos:

utilizadores e portadores de arma de caça (com licença actualizada),

que disparem assim que encontrarem alguém a colocar o inefável e venerando ícone nestas posições despropositadas e absurdas. Atirem com o óbvio propósito de acertarem.

Copyright da foto: a lutar desde 2004.

30.Nov.08

as correntes de ar da História

 

 

Pareceu-me sempre muito estranha a vida sem uma utopiazinha. Pequena que seja. Simplória. Mesmo pequena. A saga das anedotas sobre a ex-União Soviética parece-me ser caso de pequenas utopiazinhas desfeitas. Com o tempo e com o apagar dos sonhos. Derrotas e outros escandalos. Tudo bem, cada um com a sua. Para completar esse rol imenso falta no entanto esta. A que conto de seguida.

   Certo dia um figueirense decidiu por sua conta e risco observar o que se passava na realidade e visitar a U.R.S.S. Saturado da propaganda pró e contra o sistema comunista decidiu partir de combóio em direcção a Moscovo. Na estação ferroviária da Figueira abeirou-se da bilheteira e pede:

- Um bilhete de ida e volta para Moscovo, se faz favor.

A resposta do funcionário da companhia dos caminhos de ferro foi feita em voz sumida:

- Agradecia que não pronunciasse esse nome, pode ser denunciado. As paredes tem ouvidos. De qualquer maneira não temos bilhetes para essa cidade. Podemos apenas vender-lhe um bilhete para Vilar Formoso. Depois lá entenda-se com os espanhóis, se eles lhe venderem o bilhete é lá com eles.

Começava bem a viagem, comentou o nosso homem, em voz igualmente sumida.

Assim foi até Vilar Formoso. Uma vez ali chegado e já na zona espanhola pediu igualmente um bilhete para Moscovo. Foi rápidamente informado que também ali apenas poderia adquirir bilhete até à fronteira com França. Lá chegado que tentasse convencer os franceses a vender-lhe o almejado bilhete.

 Em Hendaya a conversa, agora em francês, foi a mesma, que só lhe vendiam bilhete até à fronteira com a Alemanha. Ai chegado o caso seria então resolvido com os alemães. Se lhe vendessem o bilhete para Moscovo o problema seria deles.

Após todas estas peripécias o nosso figueirense lá chegou a Moscovo, onde se iria demorar vários meses. Chegando à conclusão que nem tudo era verdade, nem tudo era mentira, ficando, por isso, satisfeito com as suas próprias conclusões.

Finalmente iria regressar a Portugal, com a certeza do que vira e não do que lhe diziam. Relembrou então a enorme embrulhada que tivera para conseguir bilhete para Moscovo. E resolveu, uma vez mais, colocar o sistema soviético à prova. Se bem o pensou, assim o fez. No dia aprazado, para  viagem de retorno, ciente que a Figueira da Foz, era uma pequena cidade totalmente desconhecida para os soviéticos, decidiu pedir um bilhete de combóio com términus na cidade.

  A resposta, essa, não demorou muito a chegar, numa mistura estranha de russo e portunhol:

- Deseja via Alfarelos ou via Pampilhosa?

Pois é. O sol quando nasce assim não é para todos!

Depois de escrito: Caso não compreenda é favor consultar o mapa dos caminhos de ferro portugueses. Se nem mesmo assim conseguiu compreender a piada aconselha-se visita imediata a Moscovo. Boa viagem.

19.Nov.08

Explique-se o que se entende por Democracia e desaparecimento da classe média (essa aberrante invenção do capitalismo)

Bem tinha avisado, no post anterior, que as coisas iam aquecer este inverno friorento. Tendo prometido a mim mesmo que ia deixar de falar sobre acontecimentos políticos, mas deixar passar em claro esta situação no meu bloco de apontamentos seria impossível.Posso, neste momento, vir a ser conotado como anarquista, dado NÃO pensar que a líder do P.S.D., tenha cometido alguma injúria contra a 3ª República. E CONCORDAR com a leitura fina da análise, que propõe. Contém grande parte do que é preciso realçar no momento actual. E um "sound bite" sempre é um "sound bite". Mal usado? O politicamente correcto dá cabo dos neurónios a esta gente. Mesmo que uma possível causa profunda seja desviar atenções do BPN. Observemos, o mais bem instalados possível, as enervadas reacções dos aparentes baluartes da democracia nacional. Existe. um mas para esta posição pessoal. A líder do P.S.D., disse o que muitos só agora começaram a vislumbrar na estratégia seguida pelos "gurus" da condução política implementada pelos actuais dirigentes do PS, que embora pareça querer ordenar, apenas hostiliza e desacredita perante a opinião pública.Pergunta-se, por isso, que neo-liberalismo -esquerdóide- é este que apenas pretende reduzir, fazendo desaparecer direitos conquistados(foram conquistados, por muito que vos digam que não), conduzindo as opções ao nivelamento por baixo, no que às classes profissionais diz respeito. Como se a responsabilidade do atraso tecnológico, da falta de produtividade, do imenssoooo analfabetismo que grassa por aí, do despautério nos gastos, fosse da inteira responsabilidade dos trabalhadores portugueses. Então porque não colocaram os profissionais do privado com os mesmo direitos que os trabalhadores do Estado detiveram? Porque não fazer com que aqueles subissem ao seu nível. Porque rebaixar? O mais baixo possível. Porque, como explicaram, muito bem, a grande maioria dos profissionais do Estado gastavam dinheiro necessário para que os trabalhadores por conta de outrem e privados, tivessem direito a uma redistribuição social mais justa. No fim de tudo puxaram, puxaram os trabalhadores do Estado para baixo e os outros ficaram aparentemente contentes com as medidas implementadas. Somos agora todos iguais, pensavam. Por baixo. Finalmente. E ainda dizem que os portugueses não gostam de comunismo!. Disse-o alto e bom som, em tom irónico e com cara de poucos amigos, como já vi referido, Manuela Ferreira Leite. E pergunta-se. O que poderá advir a este país se a falta de diálogo, a tentativa de impor a vontade arbitrária, com tiques de mandarinetes, prosseguir? Se, por mero acaso, imagine-se, a contestação social continuar e endurecer, expliquem-me que tipo de democracia pode, nos próximos tempos, daí advir. O estado-de-sitío é o quê? A suspensão apenas reafirma a inquietação sobre a hipotética e crescente contestação social. E acreditem que a minha geração, que já não se recorda de Salazar, um papão actual para os meninos mal comportados, percebeu à muito as recentes palavras de MFL. E concorda, com o que foi afirmado. Embora o partido a que pertence seja dos que se sentam à mesa do Orçamento, (igualmente responsável pelo que tem acontecido neste país no pós-25A) e que produtivamente tem vindo a ser(muito) mal gerido. Ora, esta actividade não tem produzido resultados produtivos, o fenómeno deve-se a quê? Infelizmente pelas mesmas razões que foram apontadas aos funcionários públicos. Uns e outros completam-se. E agora não queriam mais nada que criar outra vez um outro oásis. A crise internacional está aí e irá fazer mossa internamente. Eu já a estou a sentir, à muitos meses, e vocês. Não? Hum, interessante. Dedicam-se à "Bolha". Bem me pareceu.

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