Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

08.Out.08

Da marmita ao termo

Empresa de trabalho temporário emprega trabalhadores com contrato sem termo.

A questão deixou-me de certo modo no estado em que me encontro. Absorto, mais para o enlevado. A semântica das palavras tem destas coisas. Mas pensando bem naqueles, muitos, que desconhecem a utilidade e o valor da semântica, e que ficaram, por isso, privados de entenderem a piada contada hoje em pleno Parlamento nacional. Poderia tentar construir algo em torno do termo da utilização da marmita -esse utensílio histórico do operariado português - no contexto de modernização das condições de trabalho em Portugal. Poderia. Mas não. Ponho termo às minhas divagações, por hoje. E levo o termo cheio que é longa a viagem. 

Empresa de trabalho temporário emprega trabalhadores com contrato sem termo. E esta, hein? 

 

 

07.Out.08

Recados a mim próprio

Foto

Aniquilo esta sensação de remar contra a maré. Ontem à noite senti-a uma vez mais na pele. A sensação de que por muito que se pretenda mudar hábitos, usos e costumes, a lei da nossa mediocridade impera. Entre o remedeio e o remediado mantém-se a mediania. Como coisa certa. Que não incomoda. Embora exista a dignidade. Mas isso é apenas questão de foro pessoal. Existe quem gosta de ser ultrajado na sua própria dignidade. Por um punhado de dólares, o que quiserem que seja. De se colocar a jeito. Já vi lobos nas serranias. A sério, já os vi. Prefiro lobos verdadeiros aos que vestem pele de cordeiros. São absolutamente mais perigosos. Sabemos que os cordeiros são, normalmente, imolados, resta então a consolação de saber que junto com eles irão os lobos disfarçados de cordeiros. Fraca consolação esta. Mas também ninguém quererá vir a saber que era apenas um disfarce. Ninguém. Serão igualmente imolados. Apenas a razão vence, por muito que o tempo a demore.

 

05.Out.08

QUE VIVA A REPÚBLICA

 

 

 

 

Assiste-se por estes dias a um levantar, diga-se perfeitamente legitimo, das vozes monárquicas em defesa do regime monárquico em Portugal. Os veementes ataques à República permitem observar alguns pontos de vista verdadeiramente hilariantes. Permitam que observe que o grande e grave problema da 1ª República foi não ter conseguido, desde logo, separar o trigo do joio. Convivendo com os melindres monárquicos, a República tentou integrar em si o que não era possível ser integrado. Dai algumas das fragilidades que lhes são hoje, mas só hoje, devidamente apontadas. A monarquia afundou-se com o assassinato de Sidónio Pais, denominado por algum motivo como Presidente-rei. Está morta e enterrada por muito que tentem ressuscitar dons, duques e condes disto e daquilo. Nem quando é trazida para a discussão a feição democrática de alguns regimes monárquicos actuais, sobretudo europeus. Nem quando se apresentam como defensores da monarquia constitucional. Sabemos bem quanto custou a democratização do prórpio regime monárquico em Portugal. Arrastou o país para uma fratricida guerra civil. O que sobra desse descabelamento(figurativo) pode ser entendido por entre os diversos textos, alguns com fundo científico, que agora despontam frutuosamente sob o sol da República. Não admitir o fim do regime monárquico em Portugal, 100 anos depois é o quê, afinal? As leituras que hoje atravessam o quotidiano desta 3ª República sobre a Primeira República  eivadas de um saudosismo inerente, relevam que os monárquicos (alguns) gostariam de voltar atrás. Parece, no entanto que esse recuo no tempo não seria de cem anos, a mim parece-me que eles desejariam recuar bem menos. Talvez apenas 50 anos. Talvez.

VIVA A REPÚBLICA

01.Out.08

Um blogue à beira

de um ataque de nervos. O trabalho da  jornalista Mafalda Gameiro e do repórter de imagem Jaime Guilherme aqui apresentado, deixa-nos perante um universo cada vez maior de portugueses à beira da rotura enquanto seres humanos. Pergunto-me para que nos servem governos e governantes. De que nos serve um país que trata assim a sua gente. Que raio de país este que construímos ou deixamos que exista. Uma MULHER explorada no trabalho  que executa e por quem a manda executar esse trabalho. A subsistência mensal com 400 euros de ordenado que esta MULHER gere com parcimónia e espírito de combate ganhos num trabalho mal pago e onde é vítima de exploração. E subsistência é uma palavra demasiado branda para qualificar a vida desta e de cerca de dois milhões de portugueses. Que belo país este, não é?

foto

Pág. 3/3