Assiste-se por estes dias a um levantar, diga-se perfeitamente legitimo, das vozes monárquicas em defesa do regime monárquico em Portugal. Os veementes ataques à República permitem observar alguns pontos de vista verdadeiramente hilariantes. Permitam que observe que o grande e grave problema da 1ª República foi não ter conseguido, desde logo, separar o trigo do joio. Convivendo com os melindres monárquicos, a República tentou integrar em si o que não era possível ser integrado. Dai algumas das fragilidades que lhes são hoje, mas só hoje, devidamente apontadas. A monarquia afundou-se com o assassinato de Sidónio Pais, denominado por algum motivo como Presidente-rei. Está morta e enterrada por muito que tentem ressuscitar dons, duques e condes disto e daquilo. Nem quando é trazida para a discussão a feição democrática de alguns regimes monárquicos actuais, sobretudo europeus. Nem quando se apresentam como defensores da monarquia constitucional. Sabemos bem quanto custou a democratização do prórpio regime monárquico em Portugal. Arrastou o país para uma fratricida guerra civil. O que sobra desse descabelamento(figurativo) pode ser entendido por entre os diversos textos, alguns com fundo científico, que agora despontam frutuosamente sob o sol da República. Não admitir o fim do regime monárquico em Portugal, 100 anos depois é o quê, afinal? As leituras que hoje atravessam o quotidiano desta 3ª República sobre a Primeira República eivadas de um saudosismo inerente, relevam que os monárquicos (alguns) gostariam de voltar atrás. Parece, no entanto que esse recuo no tempo não seria de cem anos, a mim parece-me que eles desejariam recuar bem menos. Talvez apenas 50 anos. Talvez.
VIVA A REPÚBLICA