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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

20.Out.08

Paraquedas dourados. O que é isso?

                                                                           Mad 

Pensando bem, depois de muito pensar, não daria um cêntimo que seja aos banqueiros sem utilizar o mesmo sistema que eles utilizam. E ponto final. Acabar com os pára-quedas dourados seria algo muito original. Muitos pensam que lá estamos nós a barafustar contra o que sempre existiu e sempre existirá: paraísos fiscais, turismo sexual (ups, desculpem queria escrever tropical, equatorial, por aí) champanhe, caviar (para que serve o caviar? Oh, minha besta! para fazer patchwork. Irra que és demais). Escrevia VPV ($) que lá estamos - os mesmos de sempre (referia-se a Saramago) - a vociferar com as festas do Patiño, (ena quando é que isso já foi!) etc., etc., dos pôr-do-sol na Cote D'Azur etc., etc., e tal. Olhe que não VPV, o que desejamos é muito simples e resumido dá em pouco e é assim: ninguém se deve pensar enquanto detentor do direito de viver como deuses se não passam de escroques. O meu avô Freitas dizia muitas vezes (ele que era fidalgo, por ser filho d'algo, provavelmente bastardo, que eles tinham muitos) que nunca vira ninguém a enriquecer apenas e só através do trabalho. No mínimo, o trabalho, nem que seja por conta própria (honestamente, claro), hoje dá para sobreviver resvés ali ao Campo de Ourique. E chega, quer dizer por hoje, chega. Amanhã voltamos. No fundo é isto que me preocupa. Quero lá saber dos cinco meses, dos tão amigos que nós éramos e não conseguimos ser civilizados, ou das tesouras que, de repente (teria sido?) resolveram começar a cortar no casaco umas das outras. Isso são trocos. Cêntimos que não dou nem a esses, nem aos outros.

($) Pois, exacto, isso mesmo refiro Vasco Pulido Valente, na última crónica do jornal onde escreve. Na volta do correio segue a oferta ao terceiro que tenha acertado. Nem cito jornal, nem linco, nem interessa. Quero lá saber. O homem escreveu e eu discordo. E não comprei o jornal, achei-o na rua. Ainda existe gente boa. Obrigado.

 

19.Out.08

Es...PIRRO

Proclamava o general que esta era a primeira vitória eleitoral das muitas que se aproximam, com um nível de  ABSTENÇÃO apontado entre os 49% e os 55%. Esta realidade mostra quão Pírrica é a proclamada vitória. Ninguém se salva, nem os partidos que obtiveram melhorias eleitorais podem embandeirar em arco. Vão andar por aí a falar em vitórias por maioria, outros em morais, outros em tristes eleições. Quando começarem a falar todos venceram, embora todos tenham perdido. Uns mais que outros. Mas poucos comentarão esta fortíssima abstenção açoreana. O mal-estar que causa no espectro partidário português permite ampliar esse sintoma de que a democracia portuguesa se constrói contra uma enorme maioria de portugueses. Estes abstém-se (seria melhor procurar outra forma. Mas qual ?) de tal democracia. Basta fazer as contas, meus caros. 

18.Out.08

Post hermético

 

 

 

 

A Figueira da Foz, a contas com uma plêiade de políticos de polichinelo,  resiste, apesar de tudo. Pergunto-me de que forma poderá resistir? Se plêiade de figuras figueirenses de relevo cultural e cívico preenchem os dedos de uma mão. No entanto é incomensurável a prodigiosa figura  e a obra de Joaquim de Carvalho. Hoje ao correr da pena do  Almocreve descobri notícias dessa prodigiosa resistência figueirense, a comemoração do cinquentenário do desaparecimento do homem Joaquim de Carvalho. A obra essa continua, viva e contemporânea. Muito contemporânea.

17.Out.08

AH ! de espanto.

E o gozo imenso observar tanta gente preocupada com os pobres. 

Com a pobreza, enfim.

Voltará a caridadezinha, como entoava Barata Moura nos idos de Setenta?

Sem dúvida. 

Para meu absoluto espanto nunca tinha visto o PCP e a Igreja Católica tão iguais ideologicamente.

 Mais espantado fico quando observo  o CDS, PS e PSD a clamarem contra a pobreza, utilizando termos esquisitos como melhor repartição da riqueza, privatização de bancos, abolição da ganância.

Ainda nem saiu a procissão.

Onde é que isto já vai.

Muito me espanta.

Onde é que estes tipos terão andado?

Por aí, de certeza.

Pelo menos é o que consta.

 

 

17.Out.08

O Homem-máquina

 

O silêncio, escriturísticamente (palavra inexistente e despudoradamente roubada a um empresa de material para escritório) falando é de ouro. Não que seja possível coloca-lo em bolsa e com ele obter mais-valias, mas que diabo se é de ouro convém guarda-lo. Onde? Bem numa "pen" de certeza que não. Dá pena olhar para todos eles a fazerem fraca figura. Por agora reservo o silêncio, pois sendo de ouro e esperando que não venha a pagar elevado imposto, fico a observar os passos em falso, desculpem os Passos Perdidos.

 

14.Out.08

já não há pachorra

 

 

                            

Caro Diário:

 

Descobri que até para se fazerem umas reles obras em casa é necessária uma enorme dose de paciência, complementada por outra de feroz teimosia, para conseguir que um pequeno empreiteiro cumpra a tarefa acordada entre as partes e consentânea com o que se lhe paga. Como tu sabes habitualmente tudo é habitual no país onde nos encontramos. Desde políticos que se deixam corromper, obras públicas cujos prazos se dilatam no tempo com a consequente derrapagem, obras ditas de regime que começam a a cair antes que o regime caia. Autarcas permanentemente à porta dos tribunais, tribunais no salão dos bombeiros lá da terrinha, etc. e tal. Um rol, imenso. Assuntos tão habituais que se tornam naturais. Até a um pequeno empreiteiro da construção civil são ensinadas as nuances do negócio. Sem elas(as regras do negócio)seria impossível ser o que é. Poderia ser outra coisa mas pequeno empresário da construção civil é que não. Ele tem outros acima dele que lhe fazem o mesmo. É assim, neste país é assim. Se não pode ser hoje fica para amanhã, amanhã não pode ser porque a minha sogra está hospitalizada e os meus empregados encontram-se todos em parte incerta. Ele sabe onde estão, mas tenta fazer bem de conta. E eu pobre de mim com a sogra no hospital. Veja lá!  Afirmava o pobre homem. A fazer-se passar por tal.

A acrescentar a tudo isto um administrador de condomínio (que passámos a designar como condomineiro, designação que foi um achado da Ana, que explicou a sua derivação a partir de pantomineiro, que, na realidade, penso que seja uma ofensa ao dito, mas enfim, prefiro um pantomineiro) que é um verdadeiro achado nos dias de hoje (ou nem tanto). Abelhudo, prepotente e troca-tintas. Bem fiquemos por aqui. Daí querido diário a termos que meter mãos à obra e mete-los todos ao barulho foi um passo. O único que sobrava depois de esgotado o diálogo e a paciência. Um passo que deu como resultado terem feito as obras que foi um instante. Num abrir e fechar de olhos. Ficou tudo pintadinho e a brilhar como competia ao corredor da nossa casa. Teve que ser. E como dizia a avó Marquinhas o que tem de ser tem muita força. Tudo isto porque no andar de cima os canos resolveram extemporaneamente começar a deitar água por todos os orifícios que conseguiram arranjar inundando a nossa casinha. Coisa pouca. Parece-vos. Experimentem. A nós, cá em casa, deu uma trabalheira. Coisa pouca. Hum.

12.Out.08

particularidades sobre a consciência

 

"É natural. Vivemos numa época em que cada qual fala para si mesmo na companhia de muitos outros." 

   Anjo Ancorado - José Cardoso Pires

 

Este post, merece ser comentado pelo seu autor. Apenas para este vir escrever que se referia àquela nobre profissão que é a de deputado da nação. Enquanto funcionários dos partidos, com as honrosas excepções, as habituais e conhecidas, fazem o que criticam noutros partidos ditos à sua esquerda. Já os ouvi. Embora nem uns nem outros tenham razão. Ou seja embarcam na canção "se não votas como eu quero... com as listas partidárias a serem cozinhadas, ficas a ver navios...". Ou então a frase mortal "perdes o emprego e vais para casa, mourejar". Um verdadeiro martírio ser-se deputado. Claro que não é bem assim, mas não deve andar muito longe da realidade. Dai colocarem a consciência numa caixa de sapatos e arruma-la no armário é o pequeno passo que a maioria deu para enterrar mais a política em que se movimentam. Ainda (penso que poucos, cada vez menos) lhe chamam nobre arte. Bem, mentir é na realidade uma arte. Asquerosa, no entanto. No entanto até é uma arte. Prodigiosa, acreditem. Durmam bem.

11.Out.08

precisamos dos humanistas

"Je ne sais pas pour le prix Nobel, mais je sais ce dont j'aimerais parler publiquement. J'aimerais parler de la guerre qui tue les enfants. C'est, pour moi, la chose la plus terrible de notre époque"

                      Jean-Marie Gustave Le Clézio - Le Point

10.Out.08

A ex-Praça Machado de Assis

 

Costumo saber os nomes das ruas, dos becos, das praças por onde me movimento na cidade. Quase sempre, por vezes lá falha uma ou outra menos quotidiana, por onde passo mais apressadamente, que é como quem diz mais raramente. Acontece-me.  Acontece também muitas vezes aos habitantes da cidade quando um "estrangeiro" lhes pergunta por determinada rua tal ficarem parecidos com baratas tontas. Na maioria das vezes, por desconhecerem os nomes das ruas por onde andam, vai de informarem os visitantes perdidos que ainda estão mais perdidos que eles e pedem-lhes que se dirijam ao policia ou ao taxista mais próximo, as vitimas circunstanciais nestes desconhecimentos. São coisas que acontecem. De tanto andarmos não damos conta. Acontece. Por distracção, por azáfama, pela vertigem urbana. Por desconhecermos minudências. Mas tudo isto a propósito de ter dado conta que a cidade onde habito, tem o grato prazer de mudar os nomes das ruas a seu bel-prazer. A toponímia da cidade muda e nessas mudanças, algumas deixam entrever muito do analfabetismo que grassa numa cidade dita de cultura. Tudo isto no ano em que Machado de Assis é comemorado um pouco por toda a parte (via Português em Rennes). Não compreendo  nem a rapidez, nem o momento,  a oportunidade, nem a necessidade pela qual a Praça Machado de Assis, lá em cima em Celas, mudou de dono. A mim não me parece que houvesse necessidade. Provavelmente ao actual dono também não. Precisamente no ano em que se comemora o centenário do escritor. Não posso mudar o facto. Mas posso preencher o  vazio com literatura. É que não faz mal nenhum, bem pelo contrário.

Foto pescada aqui