Le mARCHÉ AUX pUCES
As questões com que se procura enredar o novo Código de Trabalho soam a demasiado absurdas, parece que continuamos com o relógio biológico do país atrasado os estruturais 30-40 anos. Desde o tempo do "orgulhosamente sós". O reducionismo da discussão ao argumento de neo-consevadores versus neo-modernistas pretende tomar-nos por palermas, como se não entendêssemos o que ronda em torno da realidade comezinha de um pequeno país. Não sei muito bem quais serão as atribuições actuais ou futuras do Estado com a globalização ou mundialização económica. Mas desconfio. O liberalismo económico não passa de mera cartelização. Companhias que, em processo autofagia, sendo a sua substância alimentar outras companhias, se tornam gigantes e dominam sozinhas o grande mercado. Ainda hoje me deparei com a compra da Wrigley - detentora das pastilhas Orbit, (observem a imaginação sem limites para impingir este produto) - pela Mars, (aqui deliciem-se com o aspecto do site muito google earth) por 14,7 mil milhões de euros, que permite que esta última controle um terço do mercado norte-americano das guloseimas e 14 % do mercado global. Se tal significa concorrência este mercado parece muito estranho. Se tal ocorre no ramo das guloseimas, imaginem a gula em outros mercados. O problema é que o mercado que citamos acima tem que ver directamente connosco, e, esse, está a ser vendido por umas quantas guloseimas, com que tentam dourar a pílula da flexibilização "à portuguesa", em nome da modernização do processo de trabalho. Só que esta modernização do mercado de trabalho tem muito pouco de moderno. A jornada pelas oito horas de trabalho terá surgido do nada? Basta conhecer o seu porquê para nos apercebermos da modernidade que nos querem enfiar pelos olhos dentro. Dá para perceber? Será que dá para entender?
Vá lá não desesperes Prosas, ainda tens muitas guloseimas com que te entreteres. Eles deixam-te ficar as pastilhas-elásticas Gorila. Isto é só o mercado a funcionar.
Adenda:
Vital Moreira opinava, hoje, na sua coluna habitual, num diário nacional, sobre o Novo Código de Trabalho, afirmando que "os interesses dos empregadores não podem prevalecer contra a liberdade e a dignidade dos trabalhadores." Aplaudi. Mas por pouco tempo. Logo adiante, ao referir que "dificilmente existe um terreno mais espinhoso para um governo de esquerda do que tentar reformar as relações laborais" , fiquei inquieto, pois não pode existir terreno mais espinhoso do que determinados elementos de um partido, como os que se encontram actualmente no poder, quererem fazer-se passar por esquerda. O Dr. Vital Moreira acha que o seu partido ou agremiação apenas pretende candidamente "beneficiar simultaneamente empresas e os trabalhadores". Como não acredito em milagre deste coturno, lembrei-me ao acaso dos salários em atraso, da actualização salarial abaixo da inflação dos últimos anos, das últimas décadas, através da utilização de fórmula já gasta, de tanto uso, que me servem como argumentos para refutar tamanha "boutade" e que me bastam para entender o bondoso milagre ora proposto.