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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

30.Mar.08

Dignidade precisa-se

 

Repito, a questão do telemóvel é descaradamente um ataque terrorista promovido pelos sectores mais conservadores em Portugal. Pergunto. Querem transformar a punição deste evento como factor de aniquilamento da violência  no interior da escola? Como farão quando o nível dessa violência subir? Esperam debelar a violência punindo este caso de somenos de forma exemplar? A professora ao recorrer para o tribunal, estando no seu direito, pretende o quê? A lei do mais forte é imperativa. Será isto um quase auto-de-fé a que queremos sujeitar os responsáveis?  Que irão fazer aos alunos que esfaqueiam colegas? Criar Alcatraz? Punir na justiça um caso como este acumula ressentimento. Sejamos justos, num caso de não violência escolar. Por muito que muitos pensem que sim. Por muita confusão que por ai ande.

29.Mar.08

Portugal: a releitura do outro.

O relato de viagem, do estrangeiro, sobre um qualquer lugar visitado, estabelecia a visão do outro sobre o autóctone. As recordações e memórias, necessariamente confrontadas com uma realidade que é, à partida, desconhecida, face a um desconforto  provocado pela diferença linguística,  era Pessoa que afirmava que a língua é a minha Pátria,  de usos e costumes diferenciados, implicam, quase sempre, uma leitura que ornamentava uma superioridade cultural do viajante, aquando da passagem da descrição das memórias da viagem realizada ao relato escrito. Realidade bastamente encontrada no memorialismo viajante do século XIX,  século por excelência da descoberta do prazer da viagem, da viagem cultural como ponto de partida possível para o enriquecimento individual. A prática do memorialismo de viagem contrasta entre os diferentes países europeus, a sua prática consubstancia-se na difusão do Romantismo na Europa, e redescobre a actividade da escrita memorialista sobre a viagem.

O problema sobre o qual se reflecte é sobre a nossa recusa do olhar do outro sobre nós, quando nele não nos queremos reconhecer, nesse olhar outro, do estrangeiro. Invariavelmente Portugal  que sempre se mostrou reverenciador de outras culturas, de esses outros olhares, potenciados como superiores, embora, e de novo invariavelmente, lhes recusemos as visões particulares sobre nós. Este olhar, de certo modo ocidentalizado, não deixa de provocar as mesmas reacções que poderíamos encontrar entre as elites cultas do "nosso" século XIX. Seremos hoje capazes de nos olhar pelo olhar do outro?

O espelho do seu olhar não nos reflecte? Simplesmente o que gostaríamos de poder ocultar.

 

nota de rodapé: observamos a colagem do epíteto de  herói ao personagem que a reportagem distingue. Não é isso que aqui está em causa. Nem esse aspecto nos interessa aqui, embora a opinião e acção desenvolvida ajude, de certa forma,  a consubstanciar a imagem. O interesse centra-se na visão jornalística sobre nós. Essa outra visão de nós. A imagem que de nós transparece. Ou deixamos que transpareça. Ou queremos.

27.Mar.08

Leituras

Ao ler a NOTÍCIA perguntei-me:

                                   Afinal onde é que está o espanto?

Depois de se ter colocado a bitola ao nível do chão, o Corrêo da Manhê tornou-se no supra-sumo em vendas entre os jornais diários em Portugal. O nivelamento  por baixo de conteúdo e análise, a aposta, do jornal diário, referência na minha adolescência, "Público" na imagem e pouco no conteúdo, a que nos habituara, fazia já prever o panorama descrito. O povo é quem mais ordena, desculpem, os leitores. Obviamente que faltam os desportivos aqui no quadro para que este fique completo e compreende-se. Seria uma reviravolta. Já lá vai o tempo em que se comprava o jornal para ler durante a viagem de comboio quando este ficava em cima do banco para ser lido por outros viajantes. Já lá vai, o comboio também. Tudo muda, embora para pior, em algumas situações. É o que nos vai valendo.

Foto: "Vaca de Páginas" durante a CowParadeLisboa2006 , de Paulo Lima Santos, patrocinada pelo semanário "Expresso".

26.Mar.08

Tá!TáTá! Mao.Mao.

Estas imagens não aconteceram na capital da província chinesa do Tibet. Não. As imagens pertencem ás celebrações da Páscoa em Manila, nas Filipinas. A própria fachada do Banco, não é verdadeira, como se comprova pela facilidade com que os insurrectos a destroem, trata-se sim da rodagem de um filme chinês cujo argumento prova que é possível acabar com o capitalismo selvagem e promover a sociedade sem classes. 
É necessário compreender antes de proceder a juízos mais desenvolvidos que estes capitalistas tibetanos, que aqui vemos, numa acção de destruição massiva e sem precedentes, para além de pretenderem boicotar os Jogos Olímpicos, pretendem acabar igualmente com as últimas conquistas da revolução maoísta. (E o Iraque a correr e a saltar. Salta que é bomba! Salta que é bomba! Quem não salta é iraquiano pobre. Quem não salta é iraquiano pobre. Não é?) A República Popular da China merece por isso respeito por condenar estes atentados contra a propriedade privada promovidos "por pessoas de etnia tibetana". Imaginem se estes acontecimentos se registavam em Portugal? Já imaginaram? A Serra da Estrela, por ser a zona mais alta do continente, exigir a autonomia a Lisboa, no preciso momento que Portugal  preparava os "Jogos Florais Europeus" de 2010? O Banco de Portugal, na Guarda, a ser vandalizado por pastores de gado ovino e caprino? É que já não existem monges na Serra da Estrela, sabiam? Que faria o governo numa situação destas? Reescrevia os acontecimentos. Ora que esperar da China poderosa. Flores? Livrinhos vermelhos? É claro que não.  Coitados dos últimos pastores da Serra da Estrela, nem Viriato os acudia.
25.Mar.08

Não tenho problemas apenas um pouco de sinusite

 

Acordei um dia destes e resolvi mandar pôr uma madeixa no cabelo, precisamente na nuca. Nem eu a vejo, nem ela me vê a mim. Resolvi andar por aí a passear uma madeixa no cabelo. Não foi descuido de água oxigenada, a madeixa possui "pedigree". É madeixa colorada que mancha a paisagem liofilizada, da opinião estremunhada perante um individuo com uma madeixa no cabelo. Bem sei que o problema reside na idade. Que dirão os que me conhecem. Se nunca lhes perguntei porque é que estão a ficar carecas. Porque é que os cabelos brancos começam a abundar freneticamente. Não tenho qualquer tipo de preocupações em saber se uma madeixa no cabelo particular é pós moderna ou troglodita. Não tenho problemas de madeixas. Nem de caspa. Nem problemas às madeixas. Nem com madeixas, nem sem elas. E não preciso de uma madeixa para me sentir bem comigo mesmo, basta-me não padecer de sinusite . Simplesmente. 

 

Depois de escrito

      Estou farto de ler por aí que os blogs são umbiguistas. Diaristas. Etc. e tal. Hoje resolvi sê-lo. Antes sê-lo. Esta discussão em torno da essência da blogovida, da blogoesfera, parece obtusa. A cada blog a sua. A cada autor a ausência de caminhos preconcebidos. O resto são cantigas de escárnio e mal dizer. E o que por aí anda de mal dizer, de mal escrever. Deixem-nos andar. Qual blogs, qual carapuça. O que interessa é que o mundo é mais do que isto dos blogues. Quero eu lá saber da linkagem ou da deslinkagem. Sou mais pela blindagem. Eis um blog blindado. Mas só hoje. Amanhã não sabemos. Nem interessa. Tenham então um Bom Dia, uma Boa Tarde ou uma Boa Noite. Se for importante.

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