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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

08.Jan.08

Do tomate concentrado


Alguém quer saber que aquele se vai embora(ainda não foi?), que o outro diga que tal como assim o que é preciso é que tenha objectos culturais. Então mas o livro é o quê? Uma resma de papel com hieróglifos. Bem...muitos são! Uma imeeeensa maioria. Estes também são uma imitação dos U2(ou quase)e não é por isso que não deixaram de se chamar LeYa!!. Mas qual Leya da Selva qual carapuça, cada um compra e vende onde quiser. É a lei da oferta e da procura. Enfim a lei do mercado, du marché! Agora não me chateiem de forma concentrada. Ok? Queriam publicidade? Só podia....mais uma vez merchandising... meus caros...ora ouçam...

A foto pertence a "Tormato" um velhinho álbum do grupo de rock sinfónico YES, editado em 1978...
07.Jan.08

Pedaços de papel


Por vezes entretemo-nos a rever papéis. Rasgamos ou tornamos a guardar o que mais tarde voltaremos a rasgar e assim por diante. Pedaços da nossas vidas. Pedaços do tempo. De tempos diferentes. Hoje entretive-me, para desanuviar de notas de rodapé e da construção de palavras outras e encontrei as palavras assim tal e qual como as rasguei de algures. Uma frase. Uma escrita. Serve como resposta. Uma resposta humana à fúria de viver. Ou a viver sem fúria. Hoje, por sinal, nem fúria, apenas VIVER. Sem medo da memória. Descobrir que o corpo, o nosso corpo, avança por onde menos desejamos. Enquanto nos amarem nunca seremos esquecidos. Não habitaremos no cemitério do esquecimento. Sabemo-lo.

06.Jan.08

João Antunes (1863-1931)

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Récem chegado às terras de Condeixa-a-Nova, cuja história mais recente regista em 1811 o saque e incêndio pelas tropas do General Massena. Mais uma a "ir pró maneta" aquando da passagem das tropas napoleónicas. Pouco, ou quase nada, ficou de pé na velha vila. Serve o prolegómeno, salvo esta minha anormal curiosidade por aracaísmos, para vos apresentar a descoberta de uma das mais surreais personalidades da terra que me acolheu. De seu nome João Antunes, popularmente conhecido pela alcunha de o "Padre Boi". Deixo-vos a informação recolhida na página web da Camâra Municipal sobre a personagem. Que, para além das restantes idiossincrasias da sua vida, ainda tinha tempo e disposição para se preocupar com a educação musical das classes populares. A perenidade da sua memória por estas terras é hoje mantida pelo Orfeon Dr. João Antunes. Eis assim uma das mais carismáticas figuras da minha nova terra. Sei de outras "estórias" que correm sobre o "Padre-Boi. Essas são próprias do sitío e das suas gentes. Coisas muito próprias. Para consumo interno. Para vossa instrução e comprazimento das vossas almas fica apenas a personagem de João Antunes, um homem do século XIX português, um século cheio de figuras ímpares, a marcar a nossa chegada às terras novas de Condeixa.
06.Jan.08

Andou o Pacheco


Com toda a gente a dizer bem do Pacheco, a declamar Pacheco, só então consegui compreender a frase do PM quando, qual astrólogo de alpaca, afirmou um 2008 melhor que 2007, claro...o Pacheco tinha-se ido! Só podia. Menos um a morder, embora já sem dentes, o Pacheco lambuzou este país sem génio com o génio fino da mordedura. Não te recito Luis, nem te cito. Recito-te outro este, de Belo nome, o Ruy.


" Na tua carne podre enterro o bico como um corvo
cubro o teu corpo morto não vás tu sentir o frio"
[...]
"A morte não é coisa para os homens
e um cadáver cresce ocupa toda a casa
é coisa incómoda até que o despejam como lixo"

05.Jan.08

Ode à cólera


Octave Mirabeau, escreveria em 1888, "A greve dos eleitores", algo que, 120 anos passados, leram bem, 120 anos depois, mantém toda a pertinência e actualidade. Que nos importa a nós, a nós que escrevemos estas meras palavras introdutórias, se um qualquer regime político é melhor que um qualquer outro, se o que nos interessa, se o que nos impele, se resume a pensar assim:

"Oh eleitorzinho, inexprimível imbecil, pobre coitado, se , em vez de te deixares levar pelas lengalengas absurdas que te debitam, todas as manhãs, por um tostão, os jornais grandes ou pequenos, azuis ou negros, brancos ou vermelhos, que são pagos para obter a tua pele, se, em vez de acreditares nas quiméricas lisonjas com que afagam a tua vaidade e envolvem a tua lamentável soberania em farrapos; se, em vez de te deteres, eterno paspalho, perante as pesadas patranhas dos programas; se, em vez disso, por vezes lesses, ao canto da lareira, Schopenhauer e Max Nordau, dois filósofos que sabem muito mais sobre os teus chefes e sobre ti, talvez aprendesses coisas espantosas e úteis. Talvez assim, depois de os teres lido, tivesses menos pressa de revestir o teu ar grave e o teu belo redingote e de correr para as urnas homicidas onde, seja qual for o nome que lá depositares, já depositas-te o nome do teu mais imortal inimigo. Eles dir-te-ão, como conhecedores da humanidade, que a política é uma abominável mentira, na qual tudo está ao contrário do bom senso, da justiça e do direito e que não tens nada que ver com ela, tu cujos os dias estão contados no grande livro dos destinos humanos.[...] O homem que elevas não representa nem a tua miséria, nem as tuas aspirações, nem nada de ti; não representa senão as suas próprias paixões e os seus próprios interesses, que são contrários aos teus. Não imagines, nem para te reconfortares nem para reanimares esperanças que depressa seriam desiludidas, que o deplorável espectáculo a que assistes hoje é particular de uma época ou de um regime e que isso passará. Todas as épocas se equivalem, tal como todos os regimes, ou seja, não valem nada. Então, vai para casa homemzinho, e faz greve ao sufrágio universal. Não tens nada a perder, digo-to eu; pode ser que isso te divirta durante algum tempo. Da entrada da tua porta, fechada aos pedinchadores de esmolas políticas, verás desfilar a algazarra, fumando silenciosamente o teu cachimbo.
E se existir, num lugar desconhecido, um homem, um homem honesto capaz de te governar e de gostar de ti, não tenhas pena dele. Seria demasiado cioso da sua dignidade para se misturar na luta enlameada dos partidos, demasiado orgulhoso para obter de ti um mandato através da audácia cínica, do insulto e da mentira.
Já te disse, homemzinho; vai para casa e faz greve."

O opúsculo, editado em Paris em 1902, foi dado à estampa em Portugal, decorria o ano de 1998, pela coimbrã Nihil Obstat, que resumiu a sua edição a 500 exemplares, que andam por ai, à solta.
04.Jan.08

Retorno

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De forma que passados estes dias a que me escusei participar na hedionda campanha natalícia e de fim de ano. Suspus-me pensar que prazer pode trazer a passagem de mais um ano nas nossas vidas...nas vidas de toda a gente...Nenhum!!! Brilhante conclusão esta. A não ser que a inexorável passagem do tempo que, ora, nos transforma em sábios, ou no mais purulento dos agiotas (um especulador de fundos (normalmente imobiliários ou coisa assim parecida) embora o sentido aqui seja diferente, alguém que recolhe as migalhas do tempo e que não as distribui por ninguém) que, em não conseguindo controlar a sua passagem, resolve renegar a sua passagem. O mais puro dos masoquismos. Serei um ano mais velho. Serei não, seremos. Enfim. Retorno, embora de fugida, que o trabalho é muito, mais que muito e o tempo voa...urge...se fosse possível parar o tempo faria o contrário o agiota, distribuia-o e não ficava com nenhum para mim! Impossível tarefa. Sabem que mais ? Resta-me acender um cigarro...voluptosamente! Rindo desalmadamente da lei seca a que nos propusemos. Grande Al Capone. É por estas e outras proibições que o fruto proíbido se torna sempre o mais apetecido. Eva que se pronuncie. Eu vou ali e já venho. O cigarro transformou-se de um dia para o outro no mais apetecível produto de luxo, distintivo de uma certa classe, de uma certa forma de estar na vida. Aristocrático, dado que nos fizeram o excelso favor de o retirar das nauseabundas tabernas onde as classes popualres se entretinham a fumar "Definitivos" e "Provisórios", escorropichando intragaveis tintos ou brancos consoante a ocasião. Não sei porquê, gosto desta imagem. Finalmente o acto de fumar retornou ao seu ambiente legítimo: as altas clases sociais, donde nunca deveria ter saído.
De forma enternecida agradeço aos que por aqui foram passando nesta quadra em que estive ausente. Embora esta ternura nada tenha que ver com a ternura cristã da época que passou, não, é apenas humana. Meramente humana. Ah! Já quase me esquecia de falar do tempo... esse... está conforme.

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