01.Nov.07
Viagem pelo Neo-Realismo
Augé, esse crítico acérrimo da massificação da viagem e do turismo de massas, introduz a necessidade de reeducar-mos o olhar. Reeducação que convoca a necessidade premente de centrarmos o nosso olhar nos espaços do nosso quotidiano. Naqueles espaços em que nos movimentamos, naqueles espaços que pensamos conhecer, mas que afinal desconhecemos. Viagem quase, quase, impossível nos dias de hoje. Partir não implica sair para fora, partir pode significar viajar para dentro. Parti. Não, não fui visitar a primeira catedral do século XXI, desse anafado catolicismo europeu e ibérico. Não. Irei lá, sim. Num dia em que o destino turístico seja menos movimentado. Não busco respostas. Não procuro entender a insanável questão da fé que move montanhas. Não. Essa questão já a resolvi com Soren Aabye Kiekegaard. Irei com o instinto do historiador que busca perguntas, para mais tarde sobre estas reflectir. Assim como um dia parti em busca do beneditino Mont-de-Saint-Michel, porque em honra do arcanjo Miguel, e lá repousei por uma noite. Noite em que se me atravessaram todos os demónios medievais que povoam aquele rochedo granítico, local simbólico de resistência e de êxtase. Sai dele com a estranha sensação do viajante que procura e encontra. Fico por aqui.
O destino exótico que me propus, esse não vai, desta vez, além de Vila Franca de Xira e do seu
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No novo espaço, desenhado por Alcino Soutinho, que a ideia de Museu, era já antiga como, aqui, bem explicou Alexandre Pomar.
David Santos (o curador do Museu, será que ainda assim se diz?) e António Mota Redol deixaram escrito, no desdobrável que acompanha a abertura do novo espaço, o seguinte, "a memória é um bem precioso e cada vez menos valorizado nas sociedades contemporâneas", facto que nos leva a viajar cada vez menos para fora, tentando entender o que nos rodeia cada vez mais e na medida do possível. A perca de memória concorre para o desaparecimento não do passado mas do futuro. A "Batalha pelo conteúdo", expressa por Alves Redol, que servindo de mote ao projecto cultural do neo-realismo português é, para além de toda a polémica que a corrente ainda hoje preconiza, cada vez mais actual. Está na ordem do dia. A batalha pelo conteúdo deveria ser o motivo pelo qual nos deveríamos de novo mover. Mesmo que na direcção de uma viajem quase, quase, impossível. Quanto à memória do sitio, essa guardo-a para mim. Parti vós em busca das vossas. Tenham então uma Boa Viagem.
O destino exótico que me propus, esse não vai, desta vez, além de Vila Franca de Xira e do seu

No novo espaço, desenhado por Alcino Soutinho, que a ideia de Museu, era já antiga como, aqui, bem explicou Alexandre Pomar.
David Santos (o curador do Museu, será que ainda assim se diz?) e António Mota Redol deixaram escrito, no desdobrável que acompanha a abertura do novo espaço, o seguinte, "a memória é um bem precioso e cada vez menos valorizado nas sociedades contemporâneas", facto que nos leva a viajar cada vez menos para fora, tentando entender o que nos rodeia cada vez mais e na medida do possível. A perca de memória concorre para o desaparecimento não do passado mas do futuro. A "Batalha pelo conteúdo", expressa por Alves Redol, que servindo de mote ao projecto cultural do neo-realismo português é, para além de toda a polémica que a corrente ainda hoje preconiza, cada vez mais actual. Está na ordem do dia. A batalha pelo conteúdo deveria ser o motivo pelo qual nos deveríamos de novo mover. Mesmo que na direcção de uma viajem quase, quase, impossível. Quanto à memória do sitio, essa guardo-a para mim. Parti vós em busca das vossas. Tenham então uma Boa Viagem.