Comentando João Tunes.
Eis um dos vários tipos/tipologias possíveis sobre a ideia de democracia. Quero dizer eu, de uma certa ideia sobre democracia. A frase que de entre todos os sistemas é o menos mau já é sobejamente conhecida. Nada a obstar. Penso eu, mas quem sou eu para pensar, dado que um constitucionalista é por natureza alguém que procura melhorar/modernizar, ver mais além o sistema, o sistema dito, em princípio, democrático. Sendo sistema deve ser sistematicamente colocado em causa. Quase que diria religiosamente colocado em causa. Então não é que disse. Ora assim sendo numa fase mais evoluída do sistema democrático só votam as elites intelectuais. Onde é que eu já li isto? Não devo ter sido eu, deve ter sido ele na cartilha. Sendo elas as únicas com conhecimentos, com a dita cultura, com a dita sapiência para dirigir os iletrados. São eles que orientam, que dirigem. Agora apetece-me escrever os coitados dos iletrados, o dito cujo povo. Esse "povão" como referem do outro lado do Atlântico nossos irmãos de sangue e de língua como dizem por aí alguns, não todos, intelectuais da nossa praça, com banca montada pelos arredores/ corredores do Terreiro dito do Paço. Enfim sofismas. Os defensores da democracia, que não da
demokratía, inventaram uma nova pólvora ou sofisma. Essa, a de que os coitados dos iletrados não devem ter ideia nenhuma sobre as couves de lisboa , quero dizer de bruxelas (vão ambas com letra pequena, o que já quer dizer alguma coisa) e não é que têm razão! Ora nada como uma boa sopa de letras para confundir essa malta. A malta dos iletrados, a tal que vota. Ou devia votar, mas não vota, porque se está "marimbando" para estas coisas ditas da alta intelectualidade. Ou quando vota, vota no que ganha. É que ninguém por cá gosta de perder. Não é? Mesmo a feijões a coisa fica sempre muito escura. Vota-se no que vai ganhar a seguir. Não tem que enganar. O Povo na sua reconhecida sapiência, como toleram os senhores que gravitam em torno do dito terreiro, sabe sempre escolher. Quando escolhe/ escolhemos ficamos quase todos embasbacados. Com a escolha ou com a sapiência? É coisa que falta descobrir. Quem sabe. Soltem-se as naus do sítio da
Torre. Por hábito sempre se tem descoberto algo quando isso acontece. Mas continuando. Ora sendo, por definição conhecida e aceite ( será?) que nela a autoridade emana do povo, sendo que esta é ditada pela maioria, estamos como estamos. Está como está a nossa democracia. Até parece que os "pás" tem razão. Dai que muitos continuem
a cantar e a rir como por aí se dizia. E não é que agora se pretende inculcar de novo? Bordalo desenhou o dito pobre e coitado Zé de manguito manhoso bem erguido numa certa direcção. A minha vontade é fazer o mesmo. Só que este já pouco tem de coitado e de manhoso.
* palavra acabada de inventar.