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PROSAS VADIAS

PROSAS VADIAS

30.Set.07

Os novelos do tempo
























Revista História, Ano XII, nº 130, Julho de 1990.

As más notícias correm por vezes depressa, lá diz o ditado. O assunto corre em letra de imprensa. Existem culpados, pela forma como uma revista como esta pode vir a perder uma comparticipação estatal. Não defendemos subsídios. Defendemos a defesa por parte do Estado de valores sociais. Não se entende, tal como é referido na mais recente edição da revista a suspensão da sua edição em papel, suspensão de uma referência cultural, embora muitos possam afirmar que a desconhecem. Num mercado onde pululam as revistas ditas de sociedade, o desaparecimento de uma revista de cultura, de história, que foi sobrevivendo desde os anos 80 do século passado, é uma afronta à cultura em Portugal, diremos nós. Estamos de acordo com o seu prolongamento na "rede". É que para além do património acumulado, que devia ser colocado à disposição dos internautas, dada a notável galeria de artigos que a revista tem vindo a publicar, desde o seu início, a disposição na internet permitiria, para já o acesso de novos públicos, que a utilizam como meio de pesquisa e de conhecimento, permitindo a sua expansão a novas faixas de possíveis interessados. Parece que uma nova equipa tem em mente desenvolver num futuro, que se espera próximo, esta nova componente da revista, que aliás se esperava à algum tempo. A passagem de testemunho verificada, com a despedida de Fernando Rosas, encerrando assim mais um capítulo da revista, deixa entrever dificuldades, mas igualmente a esperança da continuidade de um projecto que nunca foi fácil de erguer e manter. Espera-se que o número 100, desta fase da revista seja apenas o "motor" que permita superar as dificuldades do caminho para atingir o número 200 e não o fim do projecto. Continuamos fiéis à sua continuação em edição de papel. Não perguntem porquê, provavelmente muitos de vós já conheceis a resposta a este porquê. Dai que...o abaixo-assinado contra o fim da comparticipação que o Estado deveria continuar a promover e da suspensão da sua edição em formato papel, possa ser aqui ser assinado, se assim o entenderem.
30.Set.07

Paisagem doméstica II

A iconografia popular do Estado Novo, num postal turístico. Para aquilatar a riqueza do pormenor é conveniente ampliar o postal. A divulgação turística do país cimentava três valores, a saber: a segurança, vigiada policialmente com eficácia pela policia política e pela Legião Portuguesa e outras forças da ordem, os costumes (sociais e morais), assegurados quer pela vigilância da Igreja Católica e de organizações proto- fascistas como a O.M.E.N., a M.P., nas vertentes masculinas e femininas, no interior das suas fronteiras, isento que havia estado o país do rolo devastador da máquina de guerra que havia assolado a Europa e na singeleza das suas gentes. Pobretes, mas asseados. A imagem turística do país consolidava-se, desta forma, em torno de valores anquilosados, face à abertura e ao desanuviamento que o final da Segunda Guerra iria produzir, provocando-lhe o atraso que hoje se reconhece.
Este postal editado, provavelmente, nos anos 50 do século passado, foi "roubado" no Cão com pulgas. A quem se pede as devidas, em todo o caso, desculpas, mas dado o interesse antropológico, político, etnográfico e social do mesmo, não nos permitiu deixa-lo passar incólume. As referências à edição ou editores, que deviam aqui constar, são de momento desconhecidas.
29.Set.07

Públicas Paisagens Domésticas


Portugal, Valverde, 23/03/2002.

Hoje é um daqueles dias em que não me apetece mesmo nada saber das últimas do P.S.D. (tirando hoje, é assim quase todos os dias). Ainda agora passei pelo Abrupto, e fiquei a pensar sobre o porquê de o P.P. ter colocado o simbolo do partido de pernas para o ar... Quer dizer sei, mas não digo. Não temos pretensões a voltar a colocar direito seja lá que simbolo for... pelos vistos teremos novo partido, os ventos correm de Espanha...! Não seria a primeira vez que os dois países se influenciariam mútuamente O dia esteve assim para o chuviscoso. Ajudou a abrir o armário e a encontrar agasalho mais propício. Mas o assunto que me traz por aqui hoje é mais interessante. Sociológicamente e antropológicamente muito mais interessante. Outras formas de ver e olhar, as gentes que nos preenchem. Que ainda nos preenchem. Nossas. Somos assim. Somos Nós. Esta visão de nós, transportada pelos Corvos e Caravelas, que aportaram à nossa ilha e nos guiaram para além da espuma dos dias, na sua descoberta. Resumindo, Bert Teunissen, é um fotografo holandês, nascido em 1959. A luz e beleza das suas imagens, mostram gestos, solidões e gentes de forma desnudada. Vestígios de um outro tempo, que ainda permanece. Domestic Landscapes é um projecto, que percorreu vários países europeus, nos quais Teunissen, fotografou a gente comum, no seu quotidiano comum. Um retrato antropológico e iconográfico. Um olhar que interessa igualmente ao historiador. Vidas pressionadas pela aceleração e avanço da modernização. Como afirma, lugares e gentes onde habita uma luz que já quase não se vê. Fotografou a vida comum de gente comum. Pode parecer um pleonasmo, mas não é. Olhe-se para elas. Descubra-se que, entre outros sinais, por comparação, se não fossem as suas legendas estas não revelam especiais distinções como as que estamos habituados a reconhecer-mo-nos. Em relação e na relação com o outro. Algumas das características que julgamos nossas diluem-se. Embora possamos reconhecer imediatamente uma ou outra. O olhar estrangeiro (o que será isso hoje, na Europa?) pode surpreender o autóctone.

Por cá, parte do trabalho deste fotógrafo holandês, esteve exposto no Museu da Imagem em Braga, até 12 deste mês.

28.Set.07

Rua da Alegria




















Cartaz de Sofia Brazão.

O Museu está fechado?
Um Museu fechado!
O Teatrão está aberto?
O Teatrão está aberto.
Os eléctricos parados?
Os eléctricos estão parados.
O teatro mexe?
O teatro mexe. Remexe.
Posso então não ir de eléctrico.
A alma de algumas prostitutas também andam num eléctrico. De desejo.
Do desejo que habita nos outros.
Não me emociona a vida das prostitutas. Quero lá saber. Só me interessa esta.
Porque está acima delas. Ou fora delas.
Não existem prostitutas estilizadas, nem destas.
Bem gostaria.
De uma prostituta estilizada?
Não. De uma prostituta, com esperança.
Ali no Museu fechado, habita o Teatro. Não faz mal, habita lá o Teatro. Antes assim.
28.Set.07

Da perca de importância da Cidade de Coimbra




Em 29 de Maio de 1834, por proposta de Dom Pedro IV, referendada por Joaquim António de Aguiar, é publicado o decreto que extingue em Portugal, as Ordens Religiosas.
Na época estava em Coimbra, Alexandre de Herculano, na recolha de quanto era precioso e interessante para transportar para Lisboa e Porto.
"Dom António Miguens da Fonseca, primeiro Presidente da Câmara de Coimbra, ao tempo, com a premonição do que poderia vir a suceder quanto aos bens móveis do Mosteiro de Santa Cruz propõe, na reunião da Câmara de 31 de Maio de 1834 que se representa-se à Rainha, no sentido de se recolherem na Universidade, os livros, quadros e outros objectos preciosos que merecessem a atenção pública e que havia sido abandonados nos conventos". Parece que não foi grande a consideração tida no Paço Real, quanto ao assunto, "já que se seguiram roubos de preciosidades, tão numerosos, perante a passividade dos políticos da cidade, então responsáveis, que parece se ter entendeu que a Cidade, por ter sido adversa ao liberalismo, merecia aquele castigo".
Assim o assalto ao bens de Santa Cruz foi generalizado, tendo o Arquivo documental sido "desviado de Coimbra para mais de uma biblioteca do país", a sua opulenta livraria saqueada e "vendida ao desbarato e a olho para um antiquário francês, quando não vendidos a avulso os livros dos depósitos onde foram recolhidos".
A opulência do medieval Mosteiro conimbricense viu-se assim desbaratada do seu património que incluía, para além da sua livraria medieval, inúmeros instrumentos de culto (cruzes processionais, relicários, lampadários, que na sua maioria foram desviadas para "e que hoje podem ser apreciadas em alguns dos museus de Lisboa"). As pinturas que ostentava, assinadas por "Lucas de Leyden, Barocchio, Carrachio, César de Arpino, João Bautista Guali e até um Brueghel, seguiram para o Porto, e o que foi pior, dali para Inglaterra, como relata Joaquim Martins de Carvalho, no seu O Conimbricense de 10.1.1893, 15.2 1893.
Seabra de Albuquerque(1), como refere A. Carneiro da Silva, viria a deixar minuciosa descrição dos bens transportados daqui para a cidade do Porto, "só que não sabia que eles apareceram para venda no catálogo londrino, e teriam ido enriquecer as paredes de algumas casas nobres inglesas". Espoliados os quadros, esvaziados os armários "de paramentos, perante a passividade geral, a Câmara, muitos anos depois, em 27 de Agosto de 1863, escreve ao rei pedindo que à cidade fossem restituídos os quadros, jóias e móveis que dos Colégios e Conventos tinham sido arrancados em 1834". Tarde de demais a diligência, dado que o destino da sua maioria "não era de todo identificável" e porque muitas das instituições que os haviam recebido "entendiam que deles não deviam largar mão".

Notas:
Transcrições que se encontram entre comas, foram retiradas de Arquivo Coimbrão, Boletim da Biblioteca Municipal, vol XXXI-XXXII, Coimbra, Coimbra Editora, 1990, in Notas para a história envolvente do Mosteiro de Santa Cruz, Silva, A. Carneiro, pp. 1-40.
(1) António Maria Seabra de Albuquerque nasceu em Coimbra em 1820. Empregado da Imprensa da Universidade, sócio do Instituto de Coimbra e membro de diversas corporações literárias nacionais e estrangeiras, distinguido com a Ordem de Cristo e Isabel-a-Católica em Espanha. Diccionário Bibliográfico Portuguez de Innocencio Francisco da Silva e Brito Aranha vol. VIII, p. 249, vol. XX, p. 254.
24.Set.07

A Luta Continua

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"focar mais intensamente a agenda e o discurso político sobre a igualdade e a justiça social.".

Igualdade!!! Bem, segundo esta perspectiva de igualdade passaremos todos a ser igualmente iguais as sr. Eng.Belmiro de Azevedo ? Mas, que raio de igualdade será esta? Aproxima-se, segundo um dos videntes de seviço, mais um amanhã radioso, virtual, mas radioso. Um amanhã daqueles que cantam. Todos iguais, todos diferentes, já dizia o outro. Propaganda, digo eu.


A Luta Continua. A caminho da igualdade fraterna! Ele há coisas que restam, indeléveis e incontornáveis!

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