Divagações de um campónio sobre politicas de inserção social
Pretender acabar com os bairros de barracas através da criação de blocos de apartamentos, com barracas lá dentro, é assunto delicado. Conseguir distinguir algumas diferenças entre estes implica sermos bons observadores. Embora algumas sejam óbvias. Uma destas é que num denominado bairro de barracas não são contempladas demasiadas misturas (raciais, religiosas, familiares etc.). A pretendida miscigenação nos blocos de apartamentos, resultantes da destruição dos denominados bairros de barracas, a denominação de bairro é benesse dos construtores de cidades, apenas resulta, enquanto plano de socialização, executada com recurso à força. A comunidade, muito forte nos grupos aqui em causa, apenas se mistura, parcialmente, quando esta realidade lhes é imposta a partir do exterior. O "efeito bidonville" destas politicas, que dizem pretender a inserção dos grupos na comunidade circundante, poderia resultar se o tempo fosse reconhecido enquanto elemento primordial destas acções. Elemento que, no entanto e normalmente, desaparece quando se erguem apressados planos de reordenamento urbano. Foi este caso, recente, mais um caso. Um caso, já com demasiados casos, para que só agora se faça caso. A mediatização neste e outros acontecimentos deste calibre procura quase unicamente a exaltação de determinados personagens (o ministro, o presidente da câmara, o responsável pelo pelouro, uma série de organizações dedicadíssimas aos problemas da inserção destas e outras comunidades). Nunca a procura de soluções viáveis. Erguer a "ordem" forçando a adesão a uma inserção problemática, a qual exige, após os acontecimentos, rapidez de resultados, mesmo que aparentes, que sirvam a voragem mediática, a exigida pelas massas, e servida no decorrer dos telejornais. Eis a solução imediatista oferecida aos nossos olhos. Até ao completo esquecimento. Que poderá ser já amanhã.