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PROSAS VADIAS

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28.Mai.08

Portugal A pátria bloqueada

 

 

 

Peroravam ministros, candidatos a presidentes, ex-presidentes, ex-primeiros-ministros, ex-ministros disto e daquilo.  Sublinhei:

"Não há soluções milagreiras para um país que se afundou no lodaçal e se manietou na paralisia. Mas não pode é continuar-se pelo mesmo caminho - a evitar andar; nem podem os que o atolaram e nele se cravam como sanguessugas, tendo-o com espectador passivo para o seu retábulo de vaidades, continuar a assumir responsabilidades a cuja a altura não tem estado. As complacências ou mesquinhas divisões, a incapacidade de idear que é também incapacidade de realizar não conseguirão jamais reerguer Portugal. Só a lucidez implacável no diagnóstico, a ousadia imaginativa no forjar de projectos, a firmeza dura em executa-los, a aceitação de autenticos sacrifícios (e não o sacrífício da maioria para sustentar uma minoria autosatisfeita) com vista a resultados futuros permitirão, pela tomada de consciência e esforços cívicos do maior número, varrer os escombros e edificar-mos uma pátria que seja de todos nós e dos que após nós vierem. Uma pátria que se orgulhe de chamar Portugal, na responsabilidade do seu ser colectivo ao serviço da pessoa humana; e que; embora, modestamente, mas exalçando-se acima das suas próprias possibilidades, saiba de novo ser vector de uma civilização universalizante respeitadora das diversidades e onde os homens possam, em vez de serem joguetes, ao menos em parte controlar os rumos do seu porvir. Só do que é difícil pode despontar a esperança."

 

Vitorino Magalhães Godinho

Portugal. A Pátria bloqueada e a responsabilidade da cidadania, Lisboa, Editorial Presença, 1985, p. 299.

 

 

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